Há exatos 86 anos um “rio de lágrimas” corria pelo rosto caridoso de uma mãe, a Senhora Julita Simões Rocha, e um pai, Osório Correa da Rocha, pois um dos seus cinco filhos, Ruytemberg, precocemente, dormira o sono dos heróis da Revolução de 1932...
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Quando deflagrada a Revolução de 1932 , Ruytemberg Rocha era segundanista como Aluno da Escola de Oficiais do CIM - Centro de Instrução Militar da Força Pública, equivalente hoje a Cadete da Academia de Polícia Militar do Barro Branco - APMBB. Era natural de São João de Bocaina (atual Bocaina), cidade do interior Paulista, próximo a Jaú.
Em um rampante de civismo formaram-se aproximadamente 70 Unidades de Guerra (Batalhões de Voluntários), pessoas de todas as classes dispostas a ceifarem suas vidas por São Paulo e pelo Brasil. Os Quartéis da 2ª Região Militar, do Exército Brasileiro, sediados no Estado de São Paulo , também abraçaram ao nobre ideal, com seus aproximados 3.612 guerreiros. A Força Pública, a maior força terrestre no Estado, com quase 10.200 combatentes, entusiasticamente, “armou baionetas” para defender o estandarte alvinegro Paulista de 13 listras e o verde e amarelo de nossa Bandeira do famigerado Regime de Exceção, a Ditadura de Getúlio Vargas.
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O CIM também "desembainhou a espada", cedendo seus Alunos para pelejarem em prol da Redemocratização. Além da Escola de Oficiais, o CIM, localizado na Av. Tiradentes, na Capital, na área compreendida pelo atual COPOM, abrangia também a Escola de Recrutas, Cabos e Sargentos. Somente em 1944 o CIM se mudaria para a atual Invernada do Barro Branco, no bairro do Tucuruvi, na zona norte da Capital, sede atual da APMBB. Os Alunos da Escola de Oficiais foram incorporados aos Batalhões de Voluntários como Oficiais Comissionados.
O Aluno Ruytembeg Rocha , nascido em 19 de Janeiro de 1908, solteiro e contando com 24 anos, incorporou-se no 2º Batalhão Auxiliar da Força Pública (de Voluntários), conhecido por Batalhão Marcílio Franco, no posto de Capitão Comissionado. O Coronel aposentado da Força Marcílio Franco escudou a Legalidade durante a Revolução de 1924, em especial, na defesa heroica do Palácio Campos Elísios, residência oficial do Presidente do Estado (sede do Governo Estadual, à época).
Ruytemberg partiu para o Setor Sul de batalha, na divisa de São Paulo com o Estado do Paraná, logo nos primeiros dias do epopeico Movimento, que visava à restauração do Estado Democrático. Todavia, no fatídico “26 de julho de 1932”, durante pesado combate contra as tropas Federais (batalha essa que entraria para os anais da História Militar Brasileira como o maior em tempo de duração, 17 horas...), à frente de sua tropa, ocorreu sua tragédia pessoal!
A refrega ocorria no interior do cemitério da cidade de Buri, distante 257 Km da capital Paulista. No auge do conflito, uma bala certeira e traiçoeiramente Getulista atingiu-o na cabeça, extinguindo sua vida... seus sonhos!
Enterrado no Cemitério Velho da cidade, inicialmente, anos após seus restos mortais foram direcionados para o Mausoléu/Obelisco ao Soldado Constitucionalista de 1932, no bairro do Ibirapuera, Capital, encontrando o repouso eterno ao lado de inúmeros outros bravos lá perfilados.
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Pelos serviços prestados e por seu sangue imolado pela Constituição, a Força Pública o promove “post mortem” ao posto de 2º Tenente.
Personificou-se, recebendo inúmeras homenagens:
1. no bairro Mandaqui, na zona norte da Capital, uma das suas Ruas empresta o seu nome;
2. é patrono do Diretório Acadêmico da APMBB “DA XV de DEZEMBRO; e
3. Criação do Núcleo "Cadete RUYTEMBERG ROCHA", em 2009, extensão da Sociedade Veteranos de 1932 - MMDC, que preserva o ideário democrático do Movimento Constitucionalista. É sediado na Academia do Barro Branco, sendo gerenciado pelos próprios Cadetes.
Além de RUYTEMBERG, outros 3 Cadetes pereceram durante a Revolução:
1. Manoel dos Santos Sobrinho, em 18 de agosto, na cidade de Socorro;
2. Manoel Faria Inojosa, em 29 de agosto, na cidade de Itapira; e
3. Antonio Ribeiro Junior, em 15 setembro, na cidade de Itapetininga.
Fontes:
“Cruzes Paulistas, os que tombaram, em 1932, pela glória de servir São Paulo.”, disponível em:http://mh.itapetininga.com.br/1932/cruzespaulistas85.pdf. Acesso em 15 jul. 2018,
“Outras Memórias”, de Luiz Tenório de Brito e “Boletim Geral 209”, de 08 de setembro de 1932.
Homenagem ao Herói da Revolução de 1932 da Cidade de Bocaina. Disponível em: https://27bpmi.blogspot.com/…/homenagem-heroi-da-revolucao-…. Acesso em 15 jul. 2018.