Policial do COE em missão numa comunidade urbana
Major PM Luis Augusto Pacheco Ambar
Policial do COE em missão numa comunidade urbana

No início da madrugada, armados e com drogas, os dois traficantes fogem por um verdadeiro labirinto de vielas estreitas e mal iluminadas. No final de um beco, tão apertado e escuro que os torna praticamente invisíveis, eles sobem uma escada e continuam a fuga pelo teto das casas até avistarem a área segura que procuravam. Eles pulam do telhado para o chão e relaxam, protegidos pela escuridão da noite. Esta fuga é perfeita, os marginais sabem que a Polícia não conhece esse trajeto e que, neste breu total, nunca serão encontrados. O que não sabem é que estão fugindo do COE.

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“DEITADOS, DEITADOS, DEITADOS, MÃOS NA CABEÇA!!!”. Para os dois criminosos, essas vozes desencarnadas vinham do além. Assustados eles olham para todos os lados, mas não conseguem ver quem estava dando essas ordens. Os traficantes não tem nenhuma chance contra os oito Policiais Militares integrantes dos Comandos e Operações Especiais ( COE ), equipados com visores noturnos e que haviam planejado cuidadosamente essa missão com antecedência.

Becos escuros por onde os dois traficantes tentaram figir
foto: COE / Divulgação
Becos escuros por onde os dois traficantes tentaram figir
Escada usada para dar acesso aos telhados das casas, usada pelos traficantes na tentativa de fuga
foto: COE / Divulgação
Escada usada para dar acesso aos telhados das casas, usada pelos traficantes na tentativa de fuga

Algumas semanas antes, o Comando do COE decidiu montar essa operação em função de uma série de denúncias dos moradores da comunidade da Mauro, no Planalto Paulista, zona sul de São Paulo, sobre a ação violenta de traficantes da região. Para isso os “Caveiras”, como são conhecidos os Policiais do COE, fizeram vários levantamentos prévios da geografia do local, estudaram horários e detalhes de movimentação. Alguns dias antes da operacão decidiram até a comunidade, mas o comitê que lhes esperava, não deu boas vindas.

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“Fizemos uma rápida passagem diurna para coletar alguns detalhes táticos e finalizar o desenho da operação. Assim que chegamos fomos recebidos a tiros. Decidimos não revidar, pois a população local estava muito exposta", diz o Capitão PM Luís, comandande da operação.

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Major PM Luis Augusto Pacheco Ambar

Policial do COE em deslocamento por becos

Nunca é bom atirar contra a Polícia, esse é um erro que jamais termina bem para o agressor. Nesse caso, ao concluir erroneamente que espantaram a Polícia Militar, os traficantes inadvertidamente passaram várias informações de inteligência que ajudaram os homens de COE a planejar com mais detalhes e segurança essa operação; como o local de onde os tiros foram disparados, tipo de armamentos usados, entre outros detalhes.

Mas talvez, a informação mais importante que os criminosos deram, foi a sua disposição agressiva em abrir fogo no meio da população.  Isso levou o comando do COE a decidir pela execução desta operação à noite, para preservar a segurança da comunidade.


Martelo e Bigorna

Na dia planejado, pouco antes da meia-noite,  quatro viaturas com vinte Policiais fortemente armados e equipados partem sileciosamente em direção à rua Mauro. Para essa missão o COE irá usar a clássica estratégia militar “Martelo e Bigorna”, desenvolvida por Alexandre o Grande, 300 anos antes da era Cristã.

Essa ação consiste na divisão de uma força de ataque em duas unidade de combate. A função da primeira, o “Martelo”, é executar um assalto frontal que obriga o alvo a recuar. Já a segunda, a “Bigorna”, se posiciona na rota de fuga e prepara uma emboscada. Os criminosos são pegos de surpresa entre as duas forças.

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Foi exatamente isso que o Comandante Luís fez. Ao chegar na comunidade e identificar seus alvos, ele posicionou oito homens na entrada e oito homens do outro lado, para interceptar os marginais durante a fuga. Ao receber a ordem, o primeiro grupo avança, fazendo com que os traficantes notem sua presença, e fujuam pelos estreitos becos e telhados das casas, para escapar da Polícia. Só que não.  

“Usando os equipamentos de visão noturna e em extremo silêncio, a segunda equipe, da “Bigorna”, observou claramente os traficantes caminhando pelos telhados, pulando no chão e se escondendo perto do local onde meus homens estavam. Eles caíram direto na nossa armadilha”, relata o Capitão PM Luís.

Com o alvo há poucos metros de distância, os Caveiras do COE se deslocam em extremo silêncio, fazem o cerco e se posicionam praticamente sobre os traficantes, que não tem a menor ideia da presença dos oito Policiais invisíveis.

"DEITADOS, DEITADOS, DEITADOS, MÃOS NA CABEÇA!!!”. Usando um revólver, um dos criminosos efetua dois disparos na escuridão em direção ao nada, mas as duas munições falham. Em segundos eles são dominados, algemados e levados presos.

Drogas, arma, celular e dinheiro apreendidos na Operação da Mauro
foto: COE / Divulgação
Drogas, arma, celular e dinheiro apreendidos na Operação da Mauro

Nenhum tiro foi disparado pela Polícia. A população da comunidade dormiu tranquilamente nessa noite, sem ter ideia que uma operação de porte foi executada. Além de dois traficantes serem tirados de circulação, foram apreendidos um revolver calibre .38, um celular, 333 pinos de cocaína, 54 embalagens de maconha, 27 de esctasy, 49 de crack e 16 frascos de lança perfume e R$463,60.

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Mais uma missão que foi planejada, executada e cumprida com extrema eficiência, sem alarde e em silêncio. Marca registrada dos Caveiras do COE, Policiais que preferem não ser identificados pelos seus nomes e rostos e sim pelo resultado das suas operações complexas e de alto risco, que exigem muita técnica, intenso treinamento e equipamentos especializados.

O Policial do COE é reconhecido pelo sucesso de sua missão, não pelo seu nome, nem pelo seu rosto
Major PM Luis Augusto Pacheco Ambar
O Policial do COE é reconhecido pelo sucesso de sua missão, não pelo seu nome, nem pelo seu rosto



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