Você já ouviu falar em Transtorno de Personalidade Narcisista? Este transtorno é uma condição complexa que afeta profundamente a percepção que um indivíduo tem de si mesmo e a forma como se relaciona com os outros. Atualmente têm se falado bastante neste transtorno em publicações nas redes sociais, mas atenção, nem tudo é verdade.
A origem do transtorno de personalidade narcisista não pode ser atribuída a uma única causa. É uma combinação de fatores genéticos, biológicos e ambientais, caracterizado por um padrão de grandiosidade, uma intensa necessidade de admiração e uma significativa falta de empatia, o que pode impactar não apenas a vida da pessoa narcisista, mas também a de pessoas do seu convívio.
Na prática clínica, percebemos que muitos pacientes com transtorno narcisista enfrentam dificuldades em manter relacionamentos familiares saudáveis. A busca constante por atenção e validação muitas vezes resulta em laços superficiais e insatisfatórios. É comum que essas pessoas tenham expectativas irreais e demandem demais dos membros da família, o que pode gerar tensões e conflitos. Por exemplo, um pai ou mãe com esse perfil pode se concentrar mais em sua própria imagem do que nas necessidades emocionais dos filhos, dificultando uma dinâmica familiar saudável.
Já no âmbito social, a falta de empatia e a necessidade incessante de admiração torna desafiadora a construção de amizades profundas e relacionamentos. Muitas vezes, pessoas narcisistas apresentam comportamentos manipulativos e competitivos, afastando amigos e criando barreiras para relacionamentos genuínos.
A pressão para se destacar frequentemente resulta em frustração e ansiedade diante de eventuais falhas no ambiente de trabalho. Indivíduos com transtorno de personalidade narcisista muitas vezes têm dificuldades em trabalhar em equipe e seguir ordens. Eles podem ser competitivos e manipulativos, afetando negativamente o ambiente.
Há também uma dificuldade em aceitar críticas. Pacientes com transtorno narcisista muitas vezes têm problemas em reconhecer seus erros, o que limita seu crescimento pessoal e profissional. A autocrítica é um aspecto importante para o desenvolvimento de qualquer ser humano, pois assim podemos melhorar e amadurecer.
Diante de todos esses desafios, é fundamental que indivíduos com transtorno narcisista busquem ajuda médica psiquiátrica. O tratamento adequado pode melhorar a qualidade de vida e também facilitar o desenvolvimento de relacionamentos mais saudáveis.
Existe tratamento para pessoas diagnosticadas com transtorno de personalidade narcisista?
Sim, é possível trabalhar esses comportamentos e ter uma vida mais equilibrada e saudável. Além de melhorar as relações interpessoais.
A construção da autoestima é um componente fundamental nesse processo. Muitas vezes, o narcisismo funciona como uma máscara para a baixa autoestima. A autoaceitação e a autoconfiança permitem que a pessoa se valorize de maneira saudável, sem a necessidade de se sentir superior aos outros.
É importante reconhecer os próprios erros. Frequentemente, pessoas com traços narcisistas tendem a culpar os outros, evitando assumir a responsabilidade. Incentivo meus pacientes a refletirem sobre suas ações e a aceitarem que todos cometemos erros.
A psicoterapia é uma das ferramentas mais eficazes, o tratamento psiquiátrico pode ajudar o paciente a entender suas emoções e comportamentos, promovendo a reflexão sobre como essas características impactam suas vidas.
Agora quando você encontrar esse conteúdo na internet já vai saber mais sobre ele e o que é verdade ou não.
Se você se identificou ou conhece alguém com algumas destas características e se isto está gerando prejuízo emocional e comportamental, busque assistência com um médico psiquiatra. Confira no site do Conselho Federal de Medicina (CFM) se o médico possui o RQE – Registro de Qualificação de Especialidade Médica para exercer a Psiquiatria e as suas áreas de atuação anunciadas.
*Antônio Geraldo da Silva é médico formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É psiquiatra pelo convênio HSVP/SES – HUB/UnB. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG. Entre 2018 e 2020, foi Presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina – APAL.
Atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo e Presidente do IGV – Instituto Gestão e Vida. Associate Editor for Public Affairs do Brazilian Journal of Psychiatry – BJP. Editor sênior da revista Debates em Psiquiatria. Review Editor da Frontiers. Acadêmico da Academia de Medicina de Brasília. Acadêmico Correspondente da Academia de Medicina de Minas Gerais. Coordenador Nacional da Campanha “Setembro Amarelo®”, da Campanha ABP/CFM Contra o Bullying e o Cyberbullying e da Campanha de Combate à Psicofobia. É autor de dezenas de livros e artigos científicos em revistas internacionais e também palestrante nacional e internacional.
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