Coreia do Sul ameaça retaliar vizinhos do Norte após novo ataque com balões de lixo
ESTADÃO CONTEÚDO
Coreia do Sul ameaça retaliar vizinhos do Norte após novo ataque com balões de lixo

A Coreia do Sul ameaçou, nesta terça-feira (25), reiniciar as transmissões de propaganda anti-Pyongyang na linha de frente. Este é o mais recente episódio de campanhas no estilo da Guerra Fria entre os rivais, depois que a Coreia do Norte retomou seus lançamentos de balões com lixo para o território vizinho.

Na noite de segunda-feira (24), a Coreia do Norte lançou enormes balões carregados com sacos plásticos de lixo através da fronteira, em sua quinta campanha desse tipo desde o final de maio. A ação foi uma aparente resposta aos ativistas sul-coreanos que lançaram panfletos políticos por balões.

Em um discurso na terça-feira, marcando o aniversário da Guerra da Coreia, o presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol chamou as atividades com balões da Coreia do Norte de “uma provocação desprezível e irracional” . Ele disse que a Coreia do Sul manterá uma firme prontidão militar para repelir quaisquer provocações da Coreia do Norte.

Mais tarde, Yoon embarcou em um porta-aviões americano atracado em um porto no sudeste do país e disse às tropas norte-americanas e sul-coreanas que a aliança entre os dois países é a maior do mundo e pode derrotar qualquer inimigo. Ele tornou-se o primeiro presidente sul-coreano em exercício a embarcar em um porta-aviões dos EUA desde 1994.

As Forças Armadas da Coreia do Sul disseram que a Coreia do Norte lançou cerca de 350 balões em sua última campanha , e cerca de 100 deles pousaram em solo sul-coreano, em Seul e áreas próximas. Seul fica a cerca de 50 quilômetros de distância da fronteira.

Os militares disseram que o lixo transportado pelos balões norte-coreanos era, em sua maioria, papéis e que não foram encontrados itens perigosos. Em seus lançamentos anteriores de balões, a Coreia do Norte lançou estrume, bitucas de cigarro e baterias usadas, além de restos de tecido e papéis. Não foram registrados grandes danos.

Em resposta, a Coreia do Sul recolocou alto-falantes gigantescos em 9 de junho ao longo da fronteira pela primeira vez em seis anos e retomou brevemente as transmissões de propaganda contra a Coreia do Norte. O porta-voz do Estado-Maior Conjunto, Lee Sung Joon, disse aos repórteres na terça-feira que os militares sul-coreanos estão prontos para ligar novamente os alto-falantes na fronteira. Uma declaração escrita do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas disse que as autoridades examinariam circunstâncias operacionais estratégicas não especificadas e que a retomada das transmissões dependeria de como a Coreia do Norte agiria.


Táticas da Guerra Fria

Lançamentos de balões e transmissões de alto-falantes estavam entre as campanhas psicológicas nas quais as duas Coreias se especializaram durante a Guerra Fria. Os rivais concordaram em interromper essas atividades nos últimos anos, mas ocasionalmente as retomaram quando as animosidades reacenderam.

A Coreia do Norte é refratária às transmissões da fronteira sul-coreana e às campanhas civis de panfletagem, pois proíbe que a maioria de seus 26 milhões de habitantes tenha acesso oficial a notícias e produtos culturais estrangeiros. As campanhas de panfletagem sul-coreanas realizadas por ativistas civis, em sua maioria desertores norte-coreanos, incluem panfletos que criticam as violações dos direitos humanos da Coreia do Norte e pendrives contendo novelas de TV, além de música pop sul-coreana. As transmissões anteriores da fronteira sul-coreana incluíam músicas K-pop, previsões do tempo e notícias estrangeiras.

Em uma declaração na sexta-feira, Kim Yo-jong, a poderosa irmã do líder norte-coreano Kim Jong-un, chamou os sul-coreanos de “escória humana” e “desertores nojentos” . As autoridades sul-coreanas afirmam que não restringem os ativistas de distribuírem panfletos para a o Norte, de acordo com uma decisão do tribunal constitucional de 2023 que derrubou uma lei que criminalizava esse tipo de panfletagem, considerando-a uma violação da liberdade de expressão.

Muitos especialistas dizem que a campanha de balões norte-coreana provavelmente também foi criada para aprofundar o debate na Coreia do Sul sobre a panfletagem civil e desencadear uma divisão interna mais ampla.

Relação com a Rússia
As preocupações com a Coreia do Norte se intensificaram em meados de junho, quando o líder norte-coreano, Kim Jong Un, e o presidente russo, Vladimir Putin, assinaram um acordo exigindo que cada país forneça ajuda em caso de ataque e prometeram aumentar outras cooperações. Observadores dizem que o acordo representa a conexão mais forte entre os dois países desde o fim da Guerra Fria. Os Estados Unidos e seus parceiros acreditam que a Coreia do Norte tem fornecido à Rússia armas convencionais muito necessárias para sua guerra na Ucrânia em troca de assistência militar e econômica.

Em seu discurso sobre a Guerra da Coreia, Yoon descreveu o acordo entre Kim e Putin como “anacrônico”. A Coreia do Sul, os EUA e o Japão emitiram uma declaração conjunta na segunda-feira condenando veementemente a expansão da cooperação militar entre a Rússia e a Coreia do Norte.

A chegada do porta-aviões USS Theodore Roosevelt e de seu grupo de ataque pretende lidar com as ameaças nucleares da Coreia do Norte e suas parcerias militares avançadas com a Rússia, disseram autoridades sul-coreanas. Seu destacamento também faz parte de um acordo entre a Coreia do Sul e os EUA em 2023 que visa aumentar a “visibilidade regular” dos recursos estratégicos dos EUA na Península Coreana.

Yoon disse que o porta-aviões dos EUA deve deixar o porto sul-coreano na quarta-feira (26) para um novo exercício trilateral entre Coreia do Sul, EUA e Japão. O novo exercício multidomínio “Freedom Edge” visa aprimorar a resposta combinada dos países em várias áreas de operação, incluindo ar, mar e espaço cibernético.

Os norte-coreanos já reagiram a esses grandes exercícios liderados pelos EUA com testes de mísseis. Na segunda-feira, Kim Kang Il, vice-ministro da Defesa do Norte, chamou o deslocamento do USS Theodore Roosevelt de “opção e ação imprudente dos EUA” . (com AP)

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