Entre a primavera e o verão no hemisfério norte do planeta, a neve pode aparecer em tom rosado, avermelhado ou até mesmo com outra coloração em algumas regiões montanhosas.
Um fenômeno natural, a chamada “neve melancia” tem ocorrido com mais frequência e despertado atenção e alguma preocupação em pesquisadores e ambientalistas.
Entre a primavera e o verão no hemisfério norte do planeta, a neve pode aparecer em tom rosado, avermelhado ou até mesmo com outra coloração em algumas regiões montanhosas.
A coloração atípica da neve nesses locais é uma consequência do florescimento em grande escala da alga Chlamydomonas Nivalis.
O comportamento da A C. Nivalis é estudado em meios científicos há mais de um século. Ela utiliza pigmentos para se proteger da luz ultravioleta.
A proliferação dessa espécie de alga em cadeias montanhosas leva à mudança do tom da neve que recobre essas áreas.
Scott Hotaling, professor assistente do departamento de ciências da bacia hidrográfica da Universidade de Utah, explicou à CNN americana que há espécies de algas que podem tingir a neve não só de rosa como de outras cores, como laranja, roxo e verde.
Hotaling explicou que as algas deixam o estado dormente quando há uma boa quantidade de água derretida e sobem à superfície.
É nessa condição que elas florescem ao receber radiação solar. No estágio reprodutivo, é criado o pigmento para que a alga se proteja dos raios ultravioletas.
A C. Nivalis derrete a neve em seu entorno ao receber o calor solar.
A proliferação em maior número delas a partir desse “aquecimento” leva ao fenômeno da “neve melancia”.
A tradicional neve branca reflete boa parte da luz solar que a atinge, ao contrário do que acontece com as algas que florescem e absorvem luz e calor, derretendo a neve que está em volta.
Assim, o ciclo de derretimento prossegue, pois com a neve liquefeita as algas se reproduzem e derretem mais neve, intensificando o fenômeno.
Os especialistas ressaltam que não há riscos à saúde humana no contato com a “neve melancia”.
O que vem deixando os estudiosos intrigados e preocupados é a intensificação do fenômeno em locais como o oeste dos Estados Unidos, nos Alpes italianos, na Groenlândia e até mesmo na Antártida.
A revista norte-americana Smithsonian, especializada em ciência e natureza, publicou reportagem no início de 2024 apontando que o fenômeno da “neve melancia” pode acelerar o derretimento da neve e causar impactos ambientais.
“Há muitas evidências agora que mostram que essas proliferações de algas contribuem significativamente para o derretimento geral da camada de neve em todo o oeste (dos Estados Unidos)”, declarou Scott Hotaling.
Segundo a publicação High Country News, do estado do Colorado (EUA), o derretimento gradual da neve faz com que a água mais fria vá para os riachos no verão e garanta a sobrevivência da fauna.
Se o derretimento é mais acelerado, pode haver um aquecimento da água e causar escassez em meses de verão nos riachos.
A intensificação do fenômeno da “neve melancia” associado ao aquecimento global é que tem aumentado a preocupação da classe científica.