Homenageada como enredo da Mangueira, Alcione será atração em camarote no Rio

A Estação Primeira de Mangueira promete uma bela homenagem a uma das maiores cantoras do Brasil no carnaval 2024. Com o enredo "A Negra Voz do Amanhã", a verde e rosa trará para a avenida a vida e obra da marrom Alcione, que também será atração em um dos camarotes da Sapucaí.

A artista, que completou 50 anos de carreira, também será homenageada pelo Camarote Rio Exxxperience. Ela irá se apresentar no domingo de carnaval (11/02) e também na segunda-feira (12/02), data em que desfila com a agremiação da zona norte do Rio de Janeiro, como estrela principal.

divulgação / Marcos Hermes

“O RioExxperience tem rainha e não é qualquer uma! Alcione, A Negra Voz do Amanhã, será a grande homenagem da Estação Primeira de Mangueira no Carnaval de 2024, e o RioExxperience canta a Marrom numa exxperiência exxclusiva em tons de verde e rosa, celebrando a vida e a obra dessa artista única da Música Popular Brasileira”, celebraram.

Reprodução/@alcioneamarrom

Vinte vezes campeã do carnaval carioca, a Estação Primeira de Mangueira decidiu homenagear uma de suas principais artistas. Na avenida, o público poderá acompanhar a infância da maranhense até seus primeiros passos no mundo da música, ainda em São Luís. A chegada ao Rio de Janeiro, identificada com a verde e rosa, e como se tornou uma das rainhas do samba.

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A Mangueira será a quarta escola a desfilar na segunda-feira (12/02) de Carnaval. Vale lembrar que a verde e rosa tem tradição em fazer homenagens e já venceu com enredos dedicados à Maria Bethânia, Chico Buarque, Carlos Drummond de Andrade, Dorival Caymmi, Braguinha e Monteiro Lobato.

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Os carnavalescos responsáveis pela pesquisa e desenvolvimento do enredo sobre a Alcione são Annik Salmon e Guilherme Estevão. Ambos estão no segundo ano consecutivo na verde e rosa. Em 2023, ficaram com o quinto lugar depois de abordarem a diversidade e a pluralidade de construções, imaginações e recriações de África através dos cortejos negros do carnaval baiano.

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De acordo com a sinopse da Mangueira, o desfile partirá da fé da cantora, pilar de sua vida, que tem como base a sua família, seus valores e tradições do Maranhão. A verde e rosa trará, então, uma mistura de credos que abarca santos, entidades, instituições, orixás, parentes e pessoas.

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O nome de batismo foi ideia do pai, inspirado na personagem Alcíone, do romance Renúncia, psicografado por Chico Xavier. Aos 18 anos, se formou como professora primária na Escola de Curso Normal. Lecionou por dois anos, quando foi demitida por ensinar a seus alunos como se tocava trompete, que seu pai lhe ensinou quando pequena.

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Nascida em 21 de novembro de 1947, Alcione Dias Nazareth é a quarta dos nove irmãos: Wilson, João Carlos, Ubiratan, Alcione, Ribamar, Jofel, Ivone, Maria Helena e Solange. Ela tem mais nove irmãos que seu pai, que era policial, teve com outras mulheres.

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"Nós éramos nove irmãos, filhos do meu pai e da minha mãe. Mas meu pai teve filhos com outras senhoras. Então, na verdade, tenho 18 irmãos. Me dou bem com todos. A mais velha, Mercedes, que já morreu, foi a primeira que conheci. Minha mãe foi quem amamentou essa moça. Descobriu que tinha uma mulher tendo um filho do meu pai e foi ao hospital. Lá, Dona Cotinha disse que não tinha leite e pediu que minha mãe amamentasse Mercedes, e ela amamentou", disse ao jornal Extra.

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Em São Luís, Alcione iniciou sua imersão na cultura popular ao abrir o calendário de festas, na companhia de seu pai João Carlos, quando cantava em ladainhas na “Queimação de Palhinha” em Dia de Reis. O carnaval estava em seu coração desde o início, quando era uma jovem foliã, quando fantasiava suas irmãs, com roupas feitas por sua mãe, Dona Felipa.

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Participou da “Turma do Quinto”, escola de samba da região e louvava São João, São Pedro e São Marçal, nos festejos e São Benedito no "Tambor de Crioula", dança de origem africana, que é patrimônio cultural do Brasil. Também esteve presente nas festas de Bumba Meu Boi.

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Conseguiu uma vaga em um sorteio e apresentou-se na TV do Maranhão. Ficou fixa na TV, apresentando-se lá nos anos 1960 até o início dos anos 1970. Além de cantar na TV, também ecoava sua voz em bares e boates em várias cidades do Maranhão.

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Com os ensinamentos de seu pai na “Orquestra Jazz Guarani”, onde Seu João Carlos era maestro, foi para o Rio de Janeiro com o sonho de ser cantora nos anos 60. Iniciou sendo vendedora de loja na "Império dos Discos" e, em seguida, participou de concursos de calouros na noite carioca. 

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O apelido Marrom, dado pelos integrantes da orquestra de seu pai, surgiu nessa época. Alcione afirmou que seu pai era "bom homem" e incentivava as filhas a serem independentes desde muito cedo, a nunca obedecerem homem nenhum, além de lhes ensinar valores morais rígidos.

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Ganhou destaque ao ser convidada para trabalhos também na capital paulista e fez turnês pelo Brasil e no exterior. Durante esse período, cantou diversos gêneros musicais como jazz, bolero, blues, em especial obras interpretadas por vozes femininas. Por outro lado, foi o samba que mudou a sua vida.

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No início dos anos 70, lançou um EP contendo duas faixas “Figa de Guiné” e “O sonho acabou”. Foi o estopim para se tornar uma das maiores cantoras de samba do Brasil, com 40 discos e 50 anos de carreira. Trazendo a negritude, a feminilidade e a potência da cultura nordestina.

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Alcione também participou do programa 'A grande chance', de Flávio Cavalcanti, na Tv Tupi, e selou assim seu primeiro contrato profissional. Depois de iniciar turnês, seu primeiro álbum, foi intitulado 'A Voz do samba'. Nele, já estava uma das faixas mais tocadas de sua carreira: "Faz uma loucura por mim"

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No entanto, os sucessos radiofônicos da época foram 'Não deixe o samba morrer' (Edson Conceição e Aloísio Silva, 1975) e 'O surdo' (Totonho e Paulinho Rezende, 1975). O título do álbum foi inspirado no samba A voz do morro (Zé Kétti, 1955), gravado por Alcione no LP, pela gravadora Philips.

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O repertório do álbum 'A voz do samba' foi arquitetado por Menescal por conta da explosão de Clara Nunes (1942 – 1983), no ano anterior, com o álbum Alvorecer (1974). Com isso, o estouro de Clara na gravadora Odeon motivou as outras companhias fonográficas a investirem em cantoras de samba. Surgiu, então, a oportunidade da Marrom deslanchar e conquistar o Brasil.

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Com uma voz grave e volumosa, da tessitura dos contraltos, Alcione estourou no mundo da música e se tornou amiga de Clara Nunes. No ano anterior, em 1974, visitou a quadra da Mangueira pela primeira vez e foi convidada a desfilar pela agremiação.

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Nascia ali, uma das maiores paixões de sua vida. A relação com a Estação Primeira é tão forte, que será homenageada no carnaval 2024, tendo sua vida e obra contada na Marquês de Sapucaí.

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Em seguida, os álbuns Alerta geral (1978) e Gostoso veneno (1979) disseminaram o canto da Marrom pelo Brasil. Entre as músicas da época, estão 'Sufoco', 'Gostoso veneno' e 'Menino sem juízo'. Em seu sexto disco, regravou 'E vamos à luta', de Gonzaguinha (1945 - 1991), e demonstrava maturidade artística e a voz cada vez mais potente e popular. 

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Para completar, a cantora fundou, em 1979, ao lado de Clara Nunes, Martinho da Vila e Dona Ivone Lara, o Clube do Samba. Com claro objetivo de criar um movimento sócio-cultural para fortalecer suas raízes, já que naquela época as estações de rádio e televisão privilegiavam as músicas de discoteca.

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Alerta Geral era um musical exibido na primeira semana de cada mês, entre 1979 e 1981, como parte da faixa de programação Sexta Super na TV Globo. No comando, Alcione dividiu o microfone com a amiga Clara Nunes.

Reprodução/TV Globo

A cantora gravou mais um álbum na Philips antes de se transferir para a gravadora RCA. A partir de 1982, iniciou outra fase bem-sucedida da carreira, com ênfase em baladas românticas, que apresentaram maior diversidade rítmica e conquistaram um forte apelo popular.

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Na RCA, iniciou a fase com o álbum 'Vamos Arrepiar', mas ganhou disco de ouro com 'Da cor do Brasil', de 1984, A primeira faixa declarava todo seu amor pela Estação primeira de Mangueira e sua forte relação com a tradicional agremiação do carnaval carioca.

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Entre 1985 e 1987, lançou uma sequência de sucessos nessa linha romântica: “Garoto Maroto” (Franco e Marcos Paiva), “Meu Vício é Você” (Carlos Colla e Chico Roque), “Ou Ela ou Eu” (Flávio Augusto e Carlos Rocha) além de “Estranha Loucura” e “Nem Morta”, ambas da dupla Michael Sullivan (1950) e Paulo Massadas (1950).

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Em 1987, participou da fundação da escola de samba mirim Mangueira do Amanhã, e hoje é presidente de honra do grupo.

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Ainda em 1987, lançou um álbum intitulado "Resistência". Nele, estavam músicas que são entoadas até hoje pela população brasileira. A Marrom trouxe 'Meu vício é você' e 'Estranha loucura', que caíram no gosto popular e tornaram-se dois dos maiores sucessos da carreira da artista.

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Em 1989, foi homenageada pela escola de samba Independentes de Cordovil, no então chamado grupo 2, a segunda divisão do Carnaval carioca, com o enredo "Marrom som Brasil". Anos depois, em 1994, foi novamente homenageada pela tradicional Unidos da Ponte, desta vez no grupo especial do Carnaval carioca, como enredo "Marrom da cor do samba".

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Ainda em 1989, lançou o álbum 'Simplesmente Marrom', com sucessos empolgantes da carreira como 'Nem morta', 'Garoto Maroto', 'Estranha loucura', 'Meu vício é você' e 'O que eu faço amanhã'.

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Nos anos 1990, a cantora acompanhou a tendência de sucesso do pagode e participou dos álbuns de artistas associados ao gênero como Só Pra Contrariar, Grupo Raça e Art Popular. Em 1997, dedicou um álbum inteiro a esta geração. Valeu traz o subtítulo “Uma Homenagem à Nova Geração do Samba” e o repertório destaca duas composições de Leandro Lehart (1972), do Art Popular: "Valeu Demais" e "Telegrama".

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A partir dos anos 2000, reapareceu com força na mídia com as músicas 'Você me vira a cabeça', 'A Loba' e 'Meu ébano'. As obras estiveram em novelas como 'Da cor do pecado' (2004) e 'América' (2005), algo que as impulsionou no país inteiro. Assim, a artista lançou dois cds e dvds ao vivo, que foram disco de platina, ou seja, mais de 250 mil cópias vendidas.

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Em 2018, a tradicional escola de samba de São Paulo, Mocidade Alegre, homenageou os 70 anos de vida e os 45 anos de carreira de Alcione, com o enredo "A voz marrom que não deixa o samba morrer".

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Marrom revelou, em papo com Pedro Bial, que durante uma época descobriu um grave problema em sua voz que a deixou durante um tempo sem falar, apenas se comunicando por meio da escrita. Até que um amigo a apresentou ao médico espiritualista Edson Queiroz, que recebia o Dr. Fritz, e a curou.

Divulgação/TV Globo

Além disso, a cantora teve um susto com o coração, em 2016. Na época, passou por uma angioplastia para colocar dois stents para desobstruir as artérias do coração, emagrecendo 24 quilos na sequência.

Divulgação/TV Globo

Alcione representou o Brasil em premiações importantes. Como o Grammy Latino, onde venceu a categoria Melhor Álbum de Samba/Pagode em 2003. Ela é vencedora do Press Awards, Academie Arts Science Lettres e recebeu homenagem no Women’s Music Events Awards.

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A artista também ganhou 26 Discos de Ouro, sete de Platina, dois de Platina Duplo, três DVDs de Ouro e um de Platina.

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Na Rede Globo, a cantora fez participações em novelas e programas como: Por Amor (1997), O Clone (2001), Amazônia (2007), Zorra Total (2011), Cheias de Charme (2012), Salve Jorge (2013), Mister Brau (2015) e A Força do Querer (2017).

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Alcione já interpretou sambas de exaltação às agremiações: Mangueira, Mocidade Independente, Imperatriz Leopoldinense, União da Ilha do Governador, Beija-flor de Nilópolis e Portela

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Recebeu as Medalhas Pedro Ernesto e Tiradentes (oferecidas pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), a Medalha do Mérito Timbiras (a maior comenda do Estado do Maranhão), a Medalha Daniel De La Touche (concedida pela Câmara Municipal de São Luís) e a Medalha Luiz Gonzaga (concedida pela Câmara Municipal de São Paulo).

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