Em algumas cidades, como no Rio de Janeiro, o prefeito entrega a chave da cidade ao Rei Momo na sexta-feira de carnaval, rito que marca o início oficial da folia.
Uma das figuras mais emblemáticas do carnaval brasileiro é o Rei Momo. Ele é um símbolo da irreverência na folia, a majestade da festa.
Em algumas cidades, como no Rio de Janeiro, o prefeito entrega a chave da cidade ao Rei Momo na sexta-feira de carnaval, rito que marca o início oficial da folia.
A origem do nome remonta à mitologia grega: a deusa Momo, personificação do sarcasmo e da ironia, patrona de poetas e escritores.
Reza a lenda que o espírito satírico e zombeteiro da deusa Momo, que atingia outros deuses, resultou na sua expulsão do Olimpo.
Na antiguidade, sua figura era representada de máscara, com um cetro e balançando guizos.
De acordo com registros antigos, a figura de Momo (no gênero masculino) foi incluída em cerimônias. Entre elas estavam as festas dionisíacas, do Deus do Vinho, onde era representado com um corpanzil para representar a fartura.
Desde o século XVI encontram-se referências ao Rei Momo em celebrações cristãs na Espanha. Ele aparece também como rei da folia em diversas tradições dos séculos subsequentes em outros países da Europa ocidental.
A primeira personificação do Rei Momo no Brasil é de 1910 em uma opereta de Benjamin de Oliveira, conhecido como o primeiro palhaço negro do país, no Circo Spinelli.
Mas foi somente na década de 1930 que o Rei Momo despontou com a figura carnavalesca que conhecemos na atualidade.
Em 1933, um grupo de jornalistas do periódico A Noite, do Rio de Janeiro, criou um boneco de papelão para desfilar pela então capital da República e, ao fim, ser colocado em um trono a liderar a folia. Eles o chamaram de Rei Momo I e Único.
No ano seguinte, a equipe de A Noite decide substituir o boneco de papelão por uma pessoa real: o cronista Francisco de Moraes Cardoso.
Moraes Cardoso inaugurou a tradição carioca e seu reinado momesco durou até sua morte, em 1948.
Dos anos seguintes à morte do jornalista até o início da década de 70, o Rei Momo foi escolhido por indicação de agremiações carnavalescas e veículos de imprensa.
Em 1972, um decreto municipal determinou que o Rei Momo passasse a ser definido por concurso público.
Outras cidades pelo Brasil também adotaram a coroação do Rei Momo. Santos foi a pioneira no estado de São Paulo, em 1934. Waldemar Esteves da Cunha, apelidado de o Magnânimo, foi o primeiro coroado no município e considerado o mais antigo do país até sua morte, aos 92 anos, em 2013.
No Rio de Janeiro, que iniciou a tradição e se orgulha de ter o “Rei Momo I e Único”, Reynaldo de Carvalho, o Bola, reinou por nove anos seguidos (de 1987 a 1995), um recorde até hoje.
Em 2004, um decreto do então governador César Maia acabou com a exigência de peso mínimo entre os requisitos para inscrição no concurso de Rei Momo. O argumento foi a política de combate à obesidade.
O Rei Momo do carnaval carioca de 2024 é o comerciante Caio César Dutra, de 27 anos. Com o nome artístico de Kaio Mackenzie, ele representou a Estação Primeira de Mangueira na eleição para a chamada corte do carnaval, ocorrida na Cidade do Samba, no início de setembro de 2023.