O caos instalou-se no país sul-americano após o criminoso José Adolfo Macías, conhecido como “Fito”, fugir da prisão em Guayaquil onde cumpria pena de 34 anos.
O Equador vive uma crise de segurança desde o dia 8 de janeiro. Cenas de violência têm sido registradas nas ruas e presídios do país. Até mesmo uma universidade e um canal de televisão foram palcos de ações criminosas.
O caos instalou-se no país sul-americano após o criminoso José Adolfo Macías, conhecido como “Fito”, fugir da prisão em Guayaquil onde cumpria pena de 34 anos.
Fito é chefe da “Los Choneros”, uma das facções ligadas ao tráfico mais poderosas e temidas do Equador.
Após a fuga do chefão do tráfico, o presidente Daniel Noboa decretou estado de exceção em todo o país, inclusive no sistema penitenciário.
Com vigência de 60 dias, o estado de exceção permite a presença das Forças Armadas nas ruas para dar suporte à polícia.
O decreto impõe toque de recolher entre as 23h e 5h e suspende direitos civis como privacidade de domícilio e correspondência.
No dia seguinte ao decreto presidencial, homens armados invadiram uma universidade e os estúdios da emissora de TV estatal TC Televisión.
A invasão à TV, situada na cidade de Guayaquil, ocorreu durante uma transmissão ao vivo. Os profissionais foram mantidos reféns e sofreram agressões, com as câmeras captando tudo. Um apresentador teve arma apontada para o pescoço.
Por sua conta no X (antigo Twitter), a Polícia Nacional do Equador informou horas mais tarde ter detido 13 pessoas que participaram da invasão à emissora.
Noboa mobilizou milhares de policiais na caça ao traficante Fito e decretou "conflito armado interno". Em resposta, criminosos presos passaram a sequestrar agentes penitenciários.
Vários presídios do país tiveram motins e mais de 150 agentes penitenciários foram feitos reféns por integrantes de cartéis de drogas.
As ruas da capital Quito e da cidade portuária de Guayaquil viraram cenário de tiroteios, carros queimados, explosões e sequestro de civis.
O brasileiro Thiago Allan Freitas, 38, dono de uma churrascaria em Guayaquil, chegou a ficar nas mãos dos sequestradores, mas foi libertado, segundo o Itamaraty. Gustavo, filho da vítima, denunciou o sequestro em suas redes sociais.
O Equador enfrenta ondas de violência desde agosto de 2023, quando a Assembleia Nacional (sede do poder legislativo local) foi dissolvida e a eleição presidencial, que seria apenas em 2025, foi antecipada.
A dissolução da Assembleia Nacional foi determinada pelo então presidente Guillermo Lasso, em uma articulação em causa própria para interromper um processo de impeachment por suspeitas de desvio de dinheiro. Previsto na Constituição, o expediente jamais havia sido usado na história do país.
No dia 9 de agosto, o jornalista Fernando Villavicencio, candidato à presidência, foi assassinado com tiros na cabeça quando deixava um comício em uma escola da capital Quito.
O assassinato de Villavicencio foi reivindicado por um grupo criminoso ligado ao tráfico. Diante do clima de terror instalado pelo crime, os candidatos presidenciais passaram a fazer campanha usando colete à prova de balas.
Em 15 de outubro, Daniel Noboa, um empresário milionário de 35 anos, foi eleito presidente do Equador com 52% dos votos. Nas urnas, ele derrotou Luisa González, candidata do ex-presidente Rafael Corrêa e que era apontada como favorita pelas pesquisas.
Ex-deputado federal, Daniel Noboa é herdeiro de um império presidencial e filho de Álvaro Noboa (foto), que disputou a presidência em 2006 e perdeu no segundo turno para Rafael Corrêa.