O empresário Lealdo dos Santos Souza, de 38 anos, morador de Santos, litoral de São Paulo, recebeu um PIX de R$ 690 mil por engano. Ao reparar a confusão e achar que era um golpe, ele fez questão de devolver a quantia em um ato de honestidade.
Após optar pela devolução, Lealdo descobriu que a quantia seria utilizada para a compra de um apartamento. Ele, então, teve que parcelar a transferência do dinheiro por um problema no banco.
“Na hora [do PIX] fiquei desesperado [...]. Na minha cabeça, a primeira coisa que eu pensei era que fosse algum golpe, que os caras jogaram na minha conta por engano e depois iam vir me procurar”, afirmou o empresário, que tem um comércio no ramo de ar-condicionado automotivo.
Na ocasião, o empresário chegou a pensar que fosse o valor do resgate de algum sequestro. Depois de 24 horas, foi até a agência do banco de origem da quantia para dar prosseguimento à devolução.
“Fiquei mais feliz depois que eu consegui achar [o dono]. Vi que era um senhor, uma pessoa de boa índole que trabalhou pra caramba”, afirmou.
“Muitas pessoas me sugeriram que eu ficasse com dinheiro, que era meu, mas meu coração falou que não era, que eu tinha que procurar o dono. Não dá para ficar com o que não é nosso. Sei que passamos por momentos difíceis, mas temos que fazer a coisa certa”, afirmou.
Um dia após receber o PIX, Lealdo encontrou o dono da quantia, depois do gerente do banco de origem localizar e entrar em contato com o proprietário da conta.
“Ela ficou surpresa com a minha atitude e conseguiu entrar em contato com ele [dono do dinheiro]”, relembrou.
“Era um bancário e estava comprando um apartamento. Então, ele estava dentro do cartório, preencheu o contrato da transferência e, quando foi finalizar o pagamento para o corretor, mandou o PIX para mim. Na hora tinha achado que fosse um novo golpe. Ia acabar com o sonho dele”, explicou ao G1
Apesar dele ter colocado o CPF correto do destinatário, Big acabou se atrapalhando e apertou o botão errado na hora de finalizar a transação.
Após a devolução, ambos descobriram que o bancário foi cliente do empresário um mês antes da transferência por engano. “Fiz um trabalho no carro dele”, relatou Lealdo
Lealdo tentou fazer o estorno, mas foi bloqueado pelo seu banco, o C6 Banck. “Tive um transtorno [...]. Eles bloquearam a minha conta, não conseguia fazer nada”. Após resolver essa situação, só conseguiu devolver a quantia em parcelas.
Diante disso, o empresário teve que fazer um PIX de R$ 100 mil por dia até chegar ao valor de R$ 690 mil. Ao longo da transação, Leonaldo ficou em contato com a advogada do dono do dinheiro, que passou por problemas de saúde recentemente. 
“Acho que temos que fazer a coisa certa para nossa vida dar certo”, finalizou Lealdo.
Por meio de uma nota oficial, o C6 Bank informou que opera segundo as regras de funcionamento do PIX. O saldo foi bloqueado, portanto, por causa do  sistema Mecanismo Especial de Devolução (MED) do Banco Central.
O PIX é um meio de pagamentos e transferências desenvolvido pelo Banco Central do Brasil para facilitar as transações financeiras. Atualmente, é o segundo meio de pagamento preferido dos brasileiros.
O erro de Big é comum, já que o PIX é algo novo no universo do brasileiro. Em 2022, a advogada Jéssica Martins Cortes, de 28 anos, recebeu o dinheiro via PIX. Ao conferir com a seguradora, devolveu a quantia.
“Estava esperando R$ 14 mil, mas quando recebi a notificação e apareceu o valor, eu olhei e falei: ‘Meu Deus, está errado’. Assustei. Abri o aplicativo e vi que era R$ 100 mil mesmo. Estava até com medo de andar com tanto dinheiro na conta”, disse.
Segundo o Banco Central, é possível cancelar a transação apenas antes da confirmação do pagamento. Depois de confirmar, a  liquidação do PIX ocorre em tempo real, o que impossibilita o cancelamento.
Segundo o Febraban (Federação Brasileira de Bancos), quem recebeu um PIX por engano tem que entrar em contato com o destinatário para devolução do valor. A não devolução de um PIX feito por engano pode resultar em uma ação judicial e eventuais penalidades.

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