Bilionário manda fósseis para o espaço e irrita cientistas
Por Flipar | 15/09/2023
Essa foi a primeira vez que algo do tipo foi realizado.
wikimedia commons Dorieo
Entre os fragmentos transportados estavam um pedaço de clavícula de um Australopithecus sediba, que viveu há aproximadamente 2 milhões de anos, e um osso do polegar de um Homo naledi, datado de cerca de 300 mil anos atrás.
Matt Artz Unsplash
Os fósseis foram cuidadosamente acomodados em um tubo e transportados a bordo de uma aeronave da Virgin Galactic.
divulgação / Future
O voo partiu do Spaceport America, localizado no estado do Novo México.
domínio público
Os ossos foram selecionados por Lee Berger, um explorador renomado e diretor do Centro de Exploração da Evolução Humana Profunda da Universidade de Witwatersrand.
wikimedia commons Profberger
Em um comunicado, ele esclareceu que a decisão de transportar os restos mortais para o espaço “representa a apreciação da humanidade pela contribuição de todos os ancestrais da humanidade e de nossos antigos parentes”.
wikimedia commons Profberger
No X (antigo Twitter), alguns arqueólogos se manifestaram e parecem não visto a ideia com bons olhos.
Divulgação
Em sua conta, o antropobiólogo Alessio Veneziano resumiu de forma concisa os quatro aspectos que causaram indignação na comunidade científica.
Mathew Schwartz Unsplash
Primeiro, ele afirmou não haver razão científica em observar os fósseis no espaço.
myersalex pixabay
Depois, ele questionou as implicações éticas envolvendo os restos mortais dos hominídeos.
Petra Blahoutová por Pixabay
Alessio também questionou o fácil acesso dos bilionários aos fósseis, coisa que muitos estudiosos e pesquisadores não conseguem.
Brett Sayles pexels
Por último, o antropobiólogo reforçou que há uma deturpação da prática paleoantropológica nessa história toda.
Ta Z Unsplash
“Estou horrorizada que eles tenham recebido uma licença. Isso não é ciência!”, declarou Sonia Zakrzewski, bioarqueóloga da Universidade de Southampton, no Reino Unido.
reprodução
Ao solicitar a autorização para transportar os fósseis para o espaço, Lee Berger destacou que o propósito da viagem era fomentar a pesquisa científica.
NASA Unsplash
Ele também alegou que o objetivo era destacar a África do Sul como um centro de relevância no estudo das origens da humanidade.
Tobias Reich Unsplash
Segundo o arqueólogo Justin Walsh, a influência do ambiente espacial sobre artefatos históricos não tem sido uma área de interesse científico, considerando que, além de arriscado, os custos são altos.
adrian vieriu pexels
As questões éticas foram contornadas porque os fósseis foram oficialmente catalogados como “restos paleontológicos”, em vez de serem classificados como de origem humana.
Grianghraf Unsplash
Especialistas alegam que, do ponto de vista legal, essa distinção pode ter aberto uma porta para o transporte dos fragmentos ao espaço.
Shot by Cerqueira Unsplash
Apesar disso, a viagem também gerou dúvidas sobre a adequada preservação dos fósseis encontrados na África do Sul.