Montanha mais alta do mundo acumula toneladas de sujeira e corpos abandonados
Por Flipar | 21/06/2023
As centenas de alpinistas que tentam escalá-lo anualmente não desafiam apenas a morte, mas também poluem dramaticamente o ambiente local
Reprodução Instagram @tenzi_sherpa1999
Toneladas de sujeira e fezes deixadas pelas trilhas, além de cadáveres não removidos, compõem um cenário distante do lírico
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O acúmulo de resíduos na montanha transformou o Everest no mais alto depósito de lixo do planeta
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A dificuldade de acesso faz com que seja difícil a organização de um sistema eficaz de coleta e reciclagem
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Em uma postagem que viralizou na internet, o alpinista Tenzi Sherpa definiu assim um trecho da montanha nepalesa: "Acampamento mais sujo que já vi"
Reprodução Instagram @tenzi_sherpa1999
Tenzi Sherpa, de 24 anos, é guia de trekking ("caminhada") no Everest desde 2019 e compartilhou um vídeo no Instagram para mostrar o lixão na montanha
Reprodução Instagram @tenzi_sherpa1999
Em entrevista à revista Newsweek, Sherpa disparou: "Acho que o governo deveria estabelecer regras rígidas para aqueles que deixam lixo no Everest. E elaborar um projeto de campanha de limpeza mais eficaz"
- Reprodução Youtube
O cenário de detritos é sortido, com barracas abandonadas, instrumentos de escalada, cilindros de oxigênio vazios, lixos plásticos, sapatos, talheres (!!!) e quantidade assombrosa de excrementos
Reprodução Instagram @tenzi_sherpa1999
A montanha de 8.848 metros de altitude, situada na Cordilheira do Himalaia, no Nepal, só vê aumentar ano a ano a quantidade de expedições
Reprodução Youtube
Antes de iniciar a escalada, os alpinistas devem fazer um depósito de coleta de lixo para o governo do Nepal no valor de 4 mil dólares (cerca de R$ 19.100,00 na cotação atual)
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O montante é devolvido integralmente ao fim da expedição caso o turista acondicione na bagagem oito quilos de resíduos
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De acordo com a National Geographic Society, oito quilos é o peso médio de lixo produzido por uma pessoa durante a escalada da montanha
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O documentário Everest Sustentável, exibido no Canal Off em 2020, mostrou ação de moradores de uma comunidade local para triturar o lixo. Elas sugerem a turistas que levem de três a quatro quilos desses resíduos para o sistema de coleta do aeroporto
Vyacheslav Argenberg/Wikimedia Commons
Além do acúmulo imenso de lixo, o Everest também abriga cadáveres não recolhidos de alpinistas malfadados
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O trecho final, que leva ao cume da montanha, foi batizado de "zona da morte". Nessa área estreita, acima de 7.900 metros, e de baixa visibilidade é onde ocorre a maioria dos óbitos
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A dificuldade de remoção dos restos mortais se dá pelos desafios de acesso e o custo da operação (em torno de 70 mil dólares)
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O derretimento de geleiras devido ao aquecimento global tem feito corpos virem à tona na região
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Alguns corpos passaram a servir de guia e alerta de riscos para os alpinistas que tentam desbravar a montanha
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Há casos de cadáveres que se transformaram em marcos. O mais conhecido deles recebeu o apelido de "Botas Verdes" (Green Boots)
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O "Botas Verdes" repousou por anos na trilha para a "zona da morte" e desapareceu de forma enigmática em 2014. A identidade mais provável é do alpinista indiano Tsewang Paljor
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As estimativas apontam para quase 300 o número de mortos durante a escalada do Everest até hoje