A força do Espiritismo no Brasil

Allan Kardec foi o pseudônimo adotado pelo professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, então com 53 anos, quando decidiu publicar a codificação de mensagens espíritas.

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Ele escolheu esse pseudônimo porque um espírito revelou que, entre suas vidas pregressas, ele tinha sido um druida (orientador espiritual) celta na região da Gália chamado Allan Kardec

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O dia 18 de abril de 1857 marcou o nascimento do Espiritismo na França. Foi a data de lançamento de "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec. Em apenas dois meses, vendeu todos os 1.500 exemplares da primeira tiragem.

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Desde então, já são 166 anos de uma obra que se expandiu pelo mundo, consolidando o Kardecismo em vários países. Para alguns, uma filosofia espiritualista. Para outros, uma religião.

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Tudo começou com os episódios das mesas girantes em que pessoas se reuniam para que espíritos se comunicassem por intermédio de ruídos nas mesas.

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No começo Rivail não acreditava nos espíritos e atribuía as manifestações a magnetismo. Mas cedeu ao perceber que havia inteligência por trás das mensagens. Na foto, cena do filme "Kardec"

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Ele decidiu, então, se comunicar com os espíritos através de médiuns, pedindo que respondessem a uma série de perguntas sobre a existência. Ele percebeu também que as mesmas respostas eram dadas em diferentes lugares, por pessoas que não se conheciam.

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Essas perguntas e respostas é que formam O Livro dos Espíritos, que abriu uma série de publicações consideradas a base do Espiritismo: O Livro dos Médiuns, o Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, A Gênese.

Estima-se que o Brasil tenha 15 milhões de espíritas. Oficialmente, no Censo de 2010, eram cerca de 4 milhões.

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Mas a Federação Espírita Brasileira ressalta que o número de simpatizantes é muito maior. Num país católico como o Brasil, muitas pessoas também veem o Espiritismo com bons olhos, pelas mensagens de paz e de conforto que a doutrina traz.

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Estudiosos observam que, no Brasil, já havia uma crença em espíritos antes da chegada do Kardecismo - expressa em orixás, caboclos e no catolicismo popular". Quando o Espiritismo chega, é bem-vindo.

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Por isso, hoje, o Brasil é considerado o país com maior adesão à doutrina espírita de Allan Kardec no mundo.

A primeira sessão espírita com base no Kardecismo no Brasil foi em 17/09/1865, em Salvador (BA), conduzida pelo jornalista Teles de Menezes, fundador do Grupo Familiar do Espiritismo.

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O Brasil teve um dos maiores médiuns do mundo: Chico Xavier (1910-2002), que psicografou 459 livros, doando todos os direitos autorais, com registro em cartório, para instituições de caridade. Mineiro de Pedro Leopoldo, construiu uma trajetória de devoção e solidariedade sem enriquecer com a mediunidade.

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A credibilidade de Chico era tamanha que uma carta psicografada por ele foi aceita como prova num processo de homicídio. Em maio de 1975, José Divino, de 18 anos, foi acusado de matar o amigo Maurício, de 15.

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O processo era de homicídio doloso, quando há intenção de matar. Mas Chico apresentou uma mensagem de Mauricio atestando que havia sido um acidente quando eles brincavam.

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A própria família da vítima se convenceu de que apenas Maurício poderia ter as informações fornecidas pelo médium. "Apoiei a absolvição do José Divino e passei a acreditar em vida após a morte”, disse José Henrique, pai do rapaz morto.

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Em 1944, os jornalistas David Nasser (esq) e Jean Manzon fingiram que eram estrangeiros par testar se Chico Xavier era farsante. Quando abriram os livros que receberam de cortesia, a dedicatória estava direcionada a eles, com os nomes verdadeiros.

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Allan Kardec e Chico Xavier já inspiraram livros e filmes. Em 1994, o jornalista Marcel Souto Maior lançou "As Vidas de Chico Xavier", uma biografia do médium desde a infância.

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Marcel Souto Maior, ateu, decidiu escrever sobre Chico pela figura emblemática que ele era. E acabou se impressionando com episódios que presenciou, inclusive com calores que sentiu, sem explicação, ao se aproximar da casa de Chico.

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Marcel esteve com Chico três vezes. E assistiu a uma sessão em que Chico fazia atendimento. "Uma senhora bem velhinha se aproximou e Chico disse: Desculpe perguntar, mas a senhora está viva ou morta? Ela respondeu: Viva, Chico. E ele disse: Graças a Deus"

reprodução TV O Dia

Os livros psicografados por Chico passaram por todo tipo de análise, sempre atestando que as obras tinham todas as características dos autores que já haviam morrido.

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Marcel ressalta a honestidade de Chico ao atribuir tudo aos espíritos : "Eram poemas do outro mundo, com estilo preservado de Augusto dos Anjos (no alto), Castro Alves (embaixo), palavras dificílimas. Chico só tinha o primário. Por que não se apresentar como grande poeta?" Resposta: o bom caráter e a missão a cumprir.

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