Passar muito tempo online é frequentemente retratado como algo a evitar, mas pesquisas sugerem que o uso da internet está associado a um maior bem-estar nas pessoas em todo o mundo. O impacto potencial da internet, e das redes sociais em particular, no bem-estar, tornou-se uma questão de intenso debate.
Segundo o professor Andrew Przybylski, da Universidade de Oxford, co-autor do trabalho, a sua análise é a primeira a testar se o acesso à internet, o acesso móvel à internet e a utilização regular da internet estão relacionados com o bem-estar a nível global.
Przybylski também disse que as descobertas anteriores foram limitadas por estudos mal conduzidos, um foco na América do Norte e na Europa e pesquisas que analisam principalmente as preocupações sobre essa tecnologia, particularmente em relação aos jovens.
Publicado na revista Technology, Mind and Behaviour, o estudo descreve como Przybylski e o Dr. Matti Vuorre, da Universidade de Tilburg, na Holanda, analisaram dados recolhidos através de entrevistas envolvendo cerca de 1.000 pessoas todos os anos de 168 países, como parte da Gallup World Poll.
Os participantes foram questionados sobre o acesso e uso da internet, além de oito medidas diferentes de bem-estar, como satisfação com a vida, vida social, propósito na vida e sentimentos de bem-estar comunitário. A equipe analisou dados de 2006 a 2021, abrangendo cerca de 2,4 milhões de participantes com 15 anos ou mais.
Os pesquisadores empregaram mais de 33 mil modelos estatísticos, permitindo explorar várias associações possíveis, levando em consideração fatores que poderiam influenciá-las, como renda, educação, problemas de saúde e status de relacionamento.
Os resultados revelam que o acesso à internet, o acesso e a utilização da internet móvel previram geralmente medidas mais elevadas dos diferentes aspectos do bem-estar, com 84,9% de associações entre conectividade à internet e bem-estar positivas, 0,4% negativas e 14,7% não estatisticamente significativas.
O estudo não foi capaz de provar causa e efeito, mas a equipe descobriu que as medidas de satisfação com a vida eram 8,5% maiores para quem tinha acesso à internet.O estudo também não analisou o tempo que as pessoas passaram a utilizar a internet ou para que a utilizaram, embora alguns fatores que poderiam explicar as associações possam não ter sido considerados.
Przybylski ressaltou que era importante que a política tecnológica fosse baseada em evidências e que o impacto de qualquer intervenção fosse monitorado.
Shweta Singh, professora assistente de Sistemas de Informação e Gestão na Universidade de Warwick, que não esteve envolvida no estudo, disse que ainda não existiam internet segura ou redes sociais inofensivas.
“Por mais que eu goste de concordar com essas descobertas e realmente deseje que sejam fiéis à totalidade, infelizmente há contra-evidências e argumentos que sugerem que esse não é necessariamente o caso”, disse ela, observando relatos de que casos de “sextorsão” no Canadá atingiu um novo recorde, com os adolescentes particularmente afetados.
Já o professor Simeon Yates, da Universidade de Liverpool, disse que houve muito foco nos danos online, mas também houve benefícios, embora houvesse mais diferenças em ambos do que o estudo mais recente foi capaz de capturar.
*Com informações do The Guardian/Foto de capa: iStock
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