Projeto é escolhido para levar seis representantes trans ao evento na França.
O OcupaTrans acaba de ser selecionado pela organização do Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions para levar seis participantes ao evento, que será realizado em junho, na França. O OcupaTrans é um projeto que fomenta a acessibilidade e participação de pessoas transgênero em eventos e os múltiplos espaços na indústria publicitária brasileira
Escolhido entre mais de 200 inscrições de 51 países pelo Programa ERA (Equidade, Representatividade e Acessibilidade) do Cannes Lions, o OcupaTrans recebeu seis passes para o festival. Agora, busca apoios e patrocínios para financiar passagens, traslados, hospedagem e alimentação e, com isso, viabilizar a ida dos profissionais de publicidade selecionados a Cannes.
“Todos os projetos inscritos são importantes, mas poucos deles têm um impacto de transformação na indústria como esse”, afirmou Frank Starling, Chief DEI Officer do Cannes Lions, ao informar sobre o festival ter selecionado o OcupaTrans entre as centenas de iniciativas inscritas no programa de equidade, representatividade e acessibilidade do evento.
Com apenas oito meses de atuação, o OcupaTrans já viabilizou o ingresso de dezenas de seus participantes, pessoas trans, travestis e não-binárias, no Festival do Clube de Criação e no Festival Whext, ambos realizados em São Paulo. Agora, com a sua aprovação pelo ERA do Cannes Lions, a meta se torna ainda mais ambiciosa: levar seis pessoas para o festival na França. O OcupaTrans conta com apoio e suporte logístico-operacional da produtora de som Pingado Áudio desde o seu lançamento.
“Seguimos criando oportunidades e assegurando a presença, representatividade e pertencimento da comunidade Trans em espaços relevantes, renomados e reconhecidos por toda a indústria de comunicação publicitária. Nesse momento, necessitamos com urgência continuar impulsionando a inclusão de pessoas trans, travestis e não-binárias no mercado de trabalho brasileiro e, para isso, seguimos pensando em soluções práticas, vitalícias e reais. Dessa forma, esses profissionais também terão a oportunidade não apenas de aprender e crescer, mas também de estabelecer conexões significativas com líderes e mentores da indústria publicitária nacional e internacional”, afirma Guilhermina de Paula, fundadora do Projeto OcupaTrans.
Guilhermina explica que o OcupaTrans solicitou à organização do Cannes Lions, nesta primeira vez, a inscrição de apenas seis passes, devido à magnitude do festival e os custos para estar no evento.
“Por ser o primeiro ano, a curadoria e seleção dos participantes, nesta edição, será realizada internamente, levando em consideração talentos que estão se destacando no mercado. No entanto, a nossa pretensão é de que, nos próximos anos, quando estivermos mais experientes e estruturados, haverá uma seleção mais ampla e pública dos participantes”, conta.
Para Lu Novelli, fundadora e sócia da Pingado Áudio, o apoio e fomento ao Projeto OcupaTrans é gratificante.
“Ajudar a proporcionar oportunidades reais e a ampliação da visibilidade para pessoas trans, travestis e não-binárias para além de datas comemorativas e suas sazonalidades é algo com o que nos preocupamos desde sempre, pois inclusão, pertencimento, equidade, representatividade e compromisso com a diversidade realmente fazem parte da nossa essência”, diz, ao explicar os motivos que levam a sua produtora a ser parceira da iniciativa. Aliás, a fundadora do OcupaTrans, Guilhermina de Paula, faz parte da equipe da área de atendimento e produção executiva da Pingado Áudio.
Empregabilidade deficitária
Segundo dados apurados pelo Projeto OcupaTrans a partir de informações publicadas pela mídia brasileira, no Brasil apenas 4% de transexuais têm carteira assinada. Mas, de acordo com Guilhermina, “seja pela agenda de diversidade ou por iniciativas como a TransEmpregos e agora a OcupaTrans, há uma luz à frente”.
Já os dados do censo de inclusão nas agências brasileiras em 2023, são ainda mais preocupantes: “O ODP (Observatório de Diversidade da Publicidade) mostra que apenas 1% das pessoas trans e travestis têm emprego formal, e ainda não há pessoas trans e travestis em cargos de liderança”.
Segundo Guilhermina, isso ocorre porque essa população muitas vezes é expulsa de casa ainda criança e, com isso, não tem acesso à educação e precisa recorrer à prostituição, pornografia e outros subempregos à margem da sociedade para conseguir sobreviver.
“Precisamos mudar esse cenário e contamos com o apoio não apenas de empresas do mercado publicitário, de toda a comunidade. Conseguir levar nossos seis integrantes ao Cannes Lions já seria mais uma grande vitória nesse caminho”, afirma.
Contatos
Para falar diretamente com o Projeto OcupaTrans, é possível enviar email para [email protected] ou mensagem pelo WhatsApp (por meio do número 55 11 99113-6611).
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