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Clientes da C&A , varejista de roupas, terão desconto de 10% nas peças da nova coleção jeans da marca, com a condição de devolver outra peça de roupa na loja. A ação já está valendo, e seguirá ativa durante todo o mês de abril.

As roupas devolvidas serão destinadas ao Movimento ReCiclo, programa de economia circular da varejista. A depender do estado e do material, a peça segue a um de três caminhos possíveis: ser recuperada e reutilizada para a confecção de outro produto, processo conhecido no setor como upcycling; ser reciclada ou encaminhada para doação. Há pontos de coletas do ReCiclo em todas as lojas da C&A, que somam mais de 300 no Brasil.

Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e da Confecção apontam que, por ano, quase 200 mil toneladas de resíduos têxteis são descartadas de maneira incorreta no lixo. A C&A oferece a possibilidade de descarte correto em suas lojas desde 2018 no Brasil. De lá para cá, a empresa recebe cerca de 40 mil pessoas por ano, o equivalente a quase mil toneladas de material.

Moda circular

O conceito de economia circular vem crescendo na moda como um contraponto ao chamado fast fashion, ou moda rápida, estratégia que consagrou a espanhola Zara. No modelo rápido, há um incentivo à troca constante de guarda-roupa, e as marcas lançam coleções a todo momento. Como externalidade negativa, o fast fashion gera uma subutilização do vestuário e lixo. Uma análise da Fundação Ellen MacArthur, que promove a economia circular, mostrou que no período de maior crescimento do modelo, entre 2000 e 2015, os consumidores reduziram em 40% a frequência média de uso das peças de roupas.

Imagens do grande lixão de roupas existente no Deserto do Atacama, no Chile, e a maior conscientização ambiental dos consumidores contribuem para fazer desse problema um foco de preocupação do setor. Inclusive, a Artplan realizou o ‘Atacama Fashion Week’ junto à ONG Desierto Vestido, alertando sobre o descarte incorreto de roupas. A ação promoveu um desfile de moda em pleno lixão do Atacama, com modelos vestindo looks feitos por produtores a partir de roupas despejadas no local.

Desfile no Deserto do Atacama ( Foto: Mauricio Nahas)

A C&A fez um compromisso pela promoção da moda circular em 2015, e outras varejistas também lançaram suas iniciativas. Mais recentemente, a demanda por produtos de segunda mão se mostrou um negócio promissor, e uma série de redes de brechó chegou ao mercado, algumas pelas mãos de grandes companhias do setor.

A Arezzo&Co, que desde a fusão com o Grupo Soma se tornou a maior empresa de moda brasileira, lançou em 2016 a Troc, um brechó online. Este ano, a operação passou a vender peças de coleções antigas, em um modelo de outlet e ganhou relevância dentro do grupo, controlador de 22 marcas, entre elas Reserva, Hering, Vans e Farm. Em 2021, outra grande varejista, a Renner, adquiriu o brechó online Repassa, concorrente da Troc. A varejista eletrônica Dafiti, por sua vez, lançou no ano passado um brechó para chamar de seu, o Emigê.

No campo do upcycling, o avanço da tecnologia permite a empresas têxteis serem mais ambiciosas com suas linhas sustentáveis. A Malwee, por exemplo, investe na marca Des.a.fio, que utiliza 85% de fios a partir de roupas usadas e 15% de fibras produzidas com a reciclagem de garrafas pet, como as de refrigerante. Se tem uma tendência na moda de hoje, é a da sustentabilidade.

*Com informações da Exame/ Foto de capa: Divulgação/ C&A

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