O CEO da NIRIN Branding Company e o diretor de Criação da agência MEZA 1618 compartilham suas visões sobre essas mudanças.
No ano passado, diversas marcas famosas optaram por uma reformulação estratégica conhecida como “rebranding”. Apesar de ser um movimento comum no meio empresarial, algumas dessas mudanças surpreenderam o público geral que estava acostumado com uma imagem consagrada de determinadas marcas.
Os leitores mais assíduos do Adnews sabem o quanto nossa equipe admira tudo que envolve marcas, arte e design e, por ser tratar de um caso que combina e transforma esses dois mundos, entramos em contato com o CEO da NIRIN Branding Company, Daniel Skowronsky, e o sócio e diretor de Criação da agência MEZA 1618, Marcelo Zampini, para explicar essas mudanças e como isso impacta o mercado. Vamos nessa?
Começando pelo Rebranding
Para entender o que é o “rebranding”, precisamos compreender primeiramente do que se trata o “branding”. Esse termo é utilizado para se referir a todas as estratégias que uma marca aplica para se conectar ao seu público alvo, incluindo posicionamento, valores e a identidade visual. Essa última se faz muito importante pois é ela que torna a imagem da empresa marcante e de fácil reconhecimento para os consumidores.
Quando uma marca decide conquistar novos públicos, se adaptar a uma nova realidade ou contornar uma situação que liga a imagem da empresa a uma situação negativa ou desagradável, ela passa por um processo de transformação conhecido como “rebranding”.
Reposicionamento de marcas conhecidas
Ao longo de 2023, muitas marcas conhecidas passaram por esse processo, como é o caso da Pepsi , Nokia , Deezer, Petz, Johnson&Johnson, Cinemark, Itaú e Hopi Hari. Enquanto algumas mantiveram as características mais marcantes de seus logotipos, outras optaram por uma reformulação total, perdendo diversos elementos que estavam consagrados no imaginário popular há anos, como é o caso da Petz e do Deezer.
“Nos últimos anos, grandes marcas vêm eliminando alguns detalhes dos seus logotipos para promover uma “limpeza” nas suas identidades. Essas repaginações passam pela redução de sombras, peso das fontes, profundidade dos logotipos e o retorno de uma construção visual 2D, mais chapada e de fácil leitura, ao invés da 3D, mais complexa e muito utilizada por uma geração de designers e empresas. Os motivos que movem esses ajustes são diversos. O principal fator é a pressão por um design que privilegie uma melhor experiência de marca nos dispositivos móveis. Neste contexto, o logotipo e a identidade de marca precisam estar alinhados para serem compreendidos rapidamente em função das pequenas telas”, comenta Daniel Skowronsky.
O CEO da NIRIN Branding Company também destacou que essa mudança está intimamente ligada à evolução da sociedade, ressaltando que as marcas precisam manter o diálogo com os próprios públicos e, ao mesmo tempo, ser atrativas para as novas gerações. Nesse processo, muitas empresas atualizam suas narrativas para abraçar modelos de negócios mais contemporâneos.
A exemplo disso, Skowronsky citou três marcas que sofreram um rebranding além do visual, como a Pepsi, a Cinemark e a Nokia. Confira abaixo essas mudanças:
No caso da marca de refrigerantes, ela reformulou seu logotipo icônico para atrair uma geração mais jovem ao mesmo tempo que resgata suas raízes. Para isso, a Pepsi manteve os elementos marcantes, como as cores azul, vermelho e branco, mas introduziu um design mais simplificado e elegante.
Já a Cinemark, uma das maiores redes de cinema do mundo, refletiu a transformação do setor do entretenimento para acompanhar o que as plataformas de streaming, como Netflix, Disney+ e HBO MAX, estão fazendo e apresentar seu compromisso em oferecer uma experiência cinematográfica única única. O novo logotipo elimina diversos elementos visuais e adota uma versão chapada em 2D para promover mais clareza
Por fim, a Nokia, que se distanciou da imagem popular atrelada a telefones celulares e passou a atuar no mercado de inovação, tecnologia e conectividade para clientes B2B (business to business, do inglês, negócios para negócios), apresenta um novo logotipo, para substituir o desenvolvido em 1960, que mantém sua característica tipográfica, mas incorpora elementos visuais angulares modernos, minimalistas e dinâmicos.
Marcas como organismos vivos
Enquanto Daniel apresentou a ótica das marcas na perspectiva que a própria empresa quer transmitir, Marcelo Zampini destaca a mudança no ponto de vista do consumidor e como ele encara esses “novos rostos”.
Segundo Zampini: “Marca é um organismo vivo que dialoga, que emite opinião e que precisa se manifestar. É muito interessante ver a percepção de cada um sobre isso. Pergunte para diversas pessoas, que não são do mercado de comunicação, qual a cor da nova marca do Itaú e irá se surpreender. Porém, o mais importante não é sobre ser laranja ou azul. É o sentimento que a mudança de marca cria a partir de conexões individuais e coletivas que ela consegue fazer”.
O sócio e diretor de criação da MEZA 1618 ressalta que as mudanças tendem a entregar mais do que apenas inovação e visão de futuro, mas também uma atitude de uma marca disposta a se reinventar e defender o seu espaço.
“O rebranding tem que ser uma decisão que visa não apenas construir valor, mas manter principalmente o diálogo ativo, ressignificando intenções e projetando o futuro”, finaliza Zampini.
Entrevista por Ana Beatriz Oliveira/Com supervisão de Bitencourt
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