Macacos já aprenderam a roubar objetos de valor, como óculos, relógios, carteiras, câmeras e até dinheiro!
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Macacos já aprenderam a roubar objetos de valor, como óculos, relógios, carteiras, câmeras e até dinheiro!

Que os macacos adoram “roubar” itens do nosso cotidiano já é fato. Basta um objeto mais reluzente, como óculos ou relógios, e eles costumam entrar em ação. A curiosidade é uma característica comum nesse tipo de animal, assim como em outras espécies. Agora, já imaginou que um primata poderia, além de pegar seus pertences, vende-los por comida?

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Pois é isso que acontece em Bali, no Templo Uluwatu. Há anos os turistas são surpreendidos pelos macacos ladrões, que usam os acessórios roubados como moeda de troca para conseguir guloseimas.

A gangue costuma agir quando a pessoa não está concentrada, enquanto passeia e admira a paisagem. Em movimentos muito rápidos e precisos, eles são capazes de roubar objetos de valor, como óculos, chapéus, carteiras, câmeras ou, como já aconteceu antes, um punhado de dinheiro da cabine de tíquete e, em seguida, se colocam à espera da equipe que trabalha no templo para oferecer-lhes comida. Só assim, com a recompensa nas mãos, eles deixam cair o que pegaram.

Comportamento único

Embora esse hábito tenha sido relatado com frequência no Templo Uluwatu, nunca havia sido estudado cientificamente o fato na natureza. Por isso, Fany Brotcorne, uma primatóloga da Universidade de Liège, na Bélgica, e seus colegas começaram a descobrir como e porque esse comportamento se espalhou pela população de macacos.

"É um comportamento único. O Templo de Uluwatu é o único lugar em Bali onde é encontrado", diz ela ao New Scientist, sugerindo que é um hábito aprendido e não uma habilidade inata.

Fany queria determinar se era realmente cultural, o que poderia ajudar outros pesquisadores a entender melhor as habilidades cognitivas do macaco, e até mesmo a evolução humana.

Compra e venda

A primatóloga passou quatro meses observando quatro diferentes grupos de macacos que vivem perto do ponto turístico. Os dois grupos que passaram a maior parte do tempo em torno de visitantes tiveram as taxas mais altas de roubo e troca, apoiando a ideia de que eles estavam aprendendo o comportamento observando uns aos outros.

Grupos com mais jovens do sexo masculino, que são mais propensos a comportamentos de risco, também tiveram taxas mais elevadas do que os outros.

Embora este estudo seja baseado em apenas uma pequena amostra, Fanye acredita que sua equipe encontrou a primeira evidência preliminar de que o comportamento é cultural, transmitindo o ensinamento através de gerações em gerações.

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Nos anos que se seguiram a essas observações, ela reuniu mais evidências: os membros de um quinto grupo de macacos que se mudaram para a área ao redor do templo também começaram a aprender que eles podem trocar bens roubados por lanches.

Serge Wich, primatologista da Universidade John Moores, no Reino Unido, diz que o trabalho de Brotcorne fornece "um exemplo novo e bastante espetacular de flexibilidade no comportamento dos primatas em resposta às mudanças ambientais".

Tradição criminal

“É particularmente interessante”, acrescenta Wich, “porque o mesmo comportamento não é visto em outros lugares onde poderia ocorrer. Isso indica que pode, de fato, ser uma nova tradição comportamental em primatas e que nos ensina que novas tradições podem envolver roubar e trocar com uma espécie diferente", completa ele.

Fany diz que seu trabalho deve ajudar os pesquisadores a entender mais sobre a psicologia dos primatas. “Assim, é possível analisar como a informação é transmitida entre os grupos, o quanto eles entendem suas próprias ações e como planejam o futuro”, explica.

Segundo ela, a pesquisa poderia até ajudar a responder a perguntas sobre a evolução de nossas próprias habilidades cognitivas. “Habilidades de negociação não são bem conhecidos em animais. Eles são geralmente definidos como exclusivos para os seres humanos", diz a primatóloga.

Ah! E isso não significa que Fany não tenha sido vítima de seus próprios objetos de estudo. "Os macacos estavam sempre tentando roubar meu chapéu, minha caneta, até meus dados de pesquisa!", diverte-se ela.

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