
O Exército dos Estados Unidos anunciou que está adotando medidas disciplinares contra militares por publicações nas redes sociais comentando o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk , seguindo uma política de “tolerância zero” para aqueles que celebraram sua morte, disseram autoridades americanas nesta terça-feira (16).
O Pentágono não divulgou oficialmente quantos militares foram punidos, mas um funcionário do governo disse à agência Reuters que o número provavelmente chega a dezenas, em uma ação ordenada pelo secretário de Defesa Pete Hegseth, que conhecia Kirk pessoalmente .
"Tolerância zero"

Segundo especialistas e autoridades, militares dos EUA não têm os mesmos direitos de liberdade de expressão que civis e podem ser punidos por comentários públicos se os comandantes entenderem que violam o Código Uniforme de Justiça Militar, que exige “boa ordem e disciplina”.
O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, postou no X (antigo Twitter), com republicação de Hegseth: “Não toleraremos quem comemora ou zomba do assassinato de um compatriota no Departamento de Guerra. É uma violação do juramento, conduta imprópria e traição aos americanos que juraram proteger.”
Até o momento, Exército, Marinha e Corpo de Fuzileiros não se pronunciaram sobre as punições. Um porta-voz da Força Aérea afirmou à Reuters que comandantes estão tomando “as medidas administrativas e disciplinares necessárias” para responsabilizar os envolvidos.
Medidas disciplinares
Fontes ouvidas pela agência de notícias afirmaram que as punições incluem afastamento de funções e advertências, sem relatos de expulsões do serviço militar até agora, embora não descartem essa possibilidade.
Matthew Lohmeier, subsecretário da Força Aérea norte-americana, anunciou que pretende processar e expulsar um sargento-mestre sênior da Flórida por comentários sobre Kirk e Trump, afirmando que toda a cadeia de comando militar deve ser investigada.
Intimidação
Para a Reuters, apesar de alguns casos configurarem violações claras da lei militar, especialistas alertam que a medida tem efeito intimidatório sobre a liberdade de expressão dos militares.
Um funcionário do Pentágono reconheceu o efeito intimidatório, mas reforçou que os militares devem ter cuidado com publicações em redes sociais, especialmente em contas públicas, dada a atual polarização política.
“Compartilhar qualquer opinião controversa publicamente, enquanto identificado como parte do Departamento de Defesa, é também uma atitude imprudente” , disse à agência.
Reações fora do âmbito militar
Assim como na análise dos perfis de militares, há ao menos dois casos conhecidos relacionados a civis. Uma estudante da T exas Tech University foi presa depois de aparecer em um vídeo zombando da morte do influenciador , durante uma vigília nos EUA.
Ela estaria assediando pessoas que participavam da homenagem, na última sexta-feira (12). Camryn Giselle Booker, de 18 anos, aparece em vídeos pulando e gritando contra colegas que prestavam tributo a Kirk: “F***-se, o amigo de vocês morreu, levou um tiro na cabeça” , disse em tom de provocação.
Um neurocirurgião brasileiro, Ricardo Barbosa, havia comemorado a morte do ativista nas redes sociais e teve resposta do vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau : “Determinei que nosso setor consular tome as medidas cabíveis para garantir que ele nunca tenha entrada nos EUA” , escreveu na rede social X.
O gesto integra uma campanha lançada por políticos de direita americanos para retirar vistos de estrangeiros que celebraram nas redes sociais o assassinato de Kirk.
O assassinato
O ativista Charlie Kirk, de 31 anos, influenciador de extrema-direita, foi morto por um tiro no pescoço durante um evento ao ar livre na Utah Valley University, na última quarta (10).
Aliado próximo de Donald Trump, Kirk liderava o grupo conservador Turning Point USA, voltado a atividades e eventos em centros educacionais. Nas redes sociais, reunia mais de 14 milhões de seguidores.
Apesar da proximidade com Trump, ele não fazia parte da hierarquia militar nem exercia função oficial no governo.