
A Casa Branca afirmou nesta terça-feira (9) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está disposto a usar poderes "econômicos e militares para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo", em resposta a uma possível condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A declaração ocorre na semana em que Bolsonaro e mais sete aliados são julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito da suposta tentativa de golpe de Estado.
Segundo a porta-voz Karoline Leavitt, "a liberdade de expressão é a questão mais importante dos nossos tempos". Ela, no entanto, reforçou que não há decisão sobre novas medidas contra o governo brasileiro no momento.
A fala foi dada após uma pergunta do repórter Michael Shellemberger, do site Public News, sobre se a Casa Branca considera adotar ações adicionais caso Bolsonaro seja condenado.
Resposta do Itamaraty
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) condenou "o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa democracia".
"O primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas. É esse o dever dos três Poderes da República, que não se intimidarão por qualquer forma de atentado à nossa soberania", diz o comunicado.
O governo brasileiro também repudiou "a tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais".
Tensão entre EUA e STF
O STF tem sido alvo de ataques e sanções de Trump, que acusa a Corte de promover uma "caça às bruxas" contra Bolsonaro.
Entre as medidas, estão as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, que seriam uma "resposta a políticas, práticas e ações recentes do Governo do Brasil que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos".
Os EUA afirmam que há "perseguição política, intimidação, assédio, censura e processos judiciais movidos pelo Governo do Brasil contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores".
No documento, o ministro Alexandre de Moraes é citado como responsável por "ameaçar, perseguir e intimidar milhares de opositores políticos".
Em julho, ele foi sancionado com a Lei Magnitsky, que permite sanções dos EUA contra autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos.