
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, realizou uma teleconferência emergencial com os principais ministros e assessores do gabinete de segurança na noite da última segunda-feira (23), conforme informações do The Times of Israel.
A reunião foi convocada para avaliar o impacto da campanha militar contra o Irã e discutir os próximos passos diante do frágil cessar-fogo em vigor desde a madrugada desta terça (24).
O encontro ocorreu após um ataque com mísseis iranianos e uma resposta limitada por parte de Israel, em meio à pressão internacional liderada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Durante a consulta, Netanyahu apresentou aos ministros um balanço da operação militar iniciada em 12 de junho, batizada de Operação Leão Ascendente.
Segundo o premiê, a campanha atingiu alvos estratégicos no território iraniano, como a instalação nuclear de Natanz, centros de comando da Guarda Revolucionária Islâmica e depósitos de mísseis em Kermanshah.
Lideranças militares iranianas foram mortas, incluindo o chefe da IRGC, Hossein Salami, e o chefe do Estado-Maior, Mohammad Bagheri. Ao menos nove cientistas nucleares também foram eliminados.
A decisão de aceitar o cessar-fogo, mediado por Trump com apoio do Catar, foi tomada após a avaliação de que os principais objetivos estratégicos haviam sido alcançados.
A proposta exigia a cessação mútua de ataques aéreos e cibernéticos, além da suspensão das atividades de enriquecimento de urânio por parte do Irã em suas instalações danificadas.
A aceitação da trégua por Netanyahu ocorreu após conversas diretas com Trump, que expressou frustração com violações do acordo por ambas as partes e exigiu contenção.
Apesar da trégua, o chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, general Eyal Zamir, afirmou publicamente que a "campanha contra o Irã não acabou".
Zamir declarou que o Irã violou o cessar-fogo com o lançamento de novos mísseis e advertiu que Israel está preparado para responder com força.
A declaração foi acompanhada por uma ordem do ministro da Defesa, Israel Katz, para realizar novos ataques contra centros de comando da IRGC e da milícia Basij no coração de Teerã.
Zamir também destacou que, antes da ofensiva israelense, o Irã mantinha cerca de 2.500 mísseis terra-terra e avançava na produção, com estimativas de alcançar 8.000 unidades em dois anos.
O general alertou que o regime iraniano vinha construindo um plano para atacar Israel e já havia alcançado um "ponto de não retorno".
A destruição parcial da instalação de Natanz e a ofensiva americana sobre Fordow, Isfahan e outras áreas foram apontadas como fatores que retardaram o programa nuclear iraniano.
Internamente, a decisão de aceitar o cessar-fogo gerou reações divergentes. Enquanto parte da população apoiou a trégua como forma de evitar um conflito prolongado, membros da oposição criticaram a dependência de mediação externa e expressaram desconfiança quanto ao cumprimento do acordo pelo Irã.
Zamir, em pronunciamento à imprensa israelense, pediu união da sociedade e afirmou que "dias difíceis" ainda podem vir.
Externamente, a resposta israelense recebeu apoio dos Estados Unidos, mas gerou críticas de países como China, Rússia e Brasil, que pediram moderação. A mediação de Trump segue ativa, com apelos para que ambos os lados respeitem os termos do cessar-fogo.
Netanyahu manteve canais abertos com a Casa Branca, reforçando a posição de que o governo israelense responderá a qualquer violação.
A trégua segue em vigor sob constante tensão. Israel mantém suas forças em estado de alerta máximo, enquanto o Irã, por meio do aiatolá Ali Khamenei e do ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, condicionou a permanência no acordo à interrupção total dos ataques israelenses.