O empresário Elon Musk afirmou, por meio de sua conta na rede social X, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , está entre os nomes citados nos arquivos relacionados ao bilionário Jeffrey Epstein , acusado de liderar uma rede de tráfico sexual e encontrado morto em uma prisão de Nova York em agosto de 2019, enquanto aguardava julgamento.
Musk afirmou: “Hora de soltar a grande bomba: Donald Trump está nos arquivos de Epstein. Essa é a verdadeira razão pela qual eles não foram tornados públicos. Tenha um bom dia, DJT!”
A declaração aconteceu poucas horas após Trump criticar publicamente Elon Musk e ameaçar cancelar contratos bilionários do governo federal com empresas associadas ao empresário.
Mas afinal, quem é Epstein, citado por Musk?
Histórico de Jeffrey Epstein
Jeffrey Epstein era um investidor bilionário americano, que iniciou sua carreira como professor de matemática e física na escola Dalton, em Nova York.
A entrada no banco Bear Stearns em 1976 marcou o início de sua ascensão entre os círculos mais ricos dos Estados Unidos.
Em 1982, ele fundou sua própria empresa de investimentos, atendendo apenas clientes com ativos superiores a US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,5 bilhões, na cotação atual), o que ampliou sua rede de contatos com políticos, artistas e empresários influentes.
Conhecido por manter uma vida social restrita, Epstein ainda assim foi visto com figuras como Bill Clinton , o príncipe Andrew e Donald Trump.
Este último declarou em 2002 à revista New York: “Conheço Jeff há 15 anos. Ele é um cara fantástico. [...] Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são mais jovens .”
Musk chegou a repostar um vídeo de 1992, da NBC, que mostra Trump ao lado de Epstein durante uma festa no clube Mar-a-Lago, acompanhado de líderes de torcida do time Buffalo Bills.
Durante o vídeo gravado para o programa "A Closer Look", apresentado por Faith Daniels, os dois empresários observam as mulheres dançando. Em certo momento, Trump comenta com Epstein: “Olha ela... ali atrás. Ela é gostosa.”
Acusações e condenações
Em 2005, a polícia da Flórida iniciou uma investigação após a denúncia dos pais de uma menina de 14 anos.
O caso logo revelou outras possíveis vítimas, muitas delas de origem humilde.
Segundo o Miami Herald, Epstein oferecia dinheiro em troca de massagens que acabavam em abuso sexual . Fotos de menores foram encontradas em sua casa durante uma busca policial.
Em 2008, ele fechou um acordo com promotores, evitando acusações federais e cumprindo apenas 13 meses de prisão.
Entre os envolvidos no acordo estava Alexander Acosta , que mais tarde viria a ser secretário do trabalho no governo Trump.
A nova prisão e a morte
Em julho de 2019, Epstein foi novamente preso em Nova York sob acusações de traficar dezenas de meninas e explorá-las sexualmente entre 1999 e 2007. Ele prometia bancar a educação ou ajudar na carreira das vítimas.
Foi nesse período que sua aeronave passou a ser apelidada pela imprensa como “ Lolita Express ”.
Após a negativa de fiança, ele foi mantido sob custódia no Centro Correcional Metropolitano até ser encontrado morto na cela , em agosto daquele ano.
O papel de Ghislaine Maxwell
Ghislaine Maxwell , ex-namorada e sócia próxima de Epstein, foi presa em 2020 e acusada de recrutar e preparar menores de idade para serem abusadas.
Em 2021, foi condenada por tráfico sexual de menores e pode cumprir até 20 anos de prisão.
Durante o julgamento, a promotoria afirmou que Maxwell ajudava Epstein a organizar os abusos.
A defesa alegou que ela era usada como bode expiatório .
Em sua fala final, Maxwell disse: “O maior arrependimento da minha vida foi conhecer Jeffrey Epstein.”
Acusações anteriores contra Donald Trump
Além da citada menção nos documentos relacionados a Jeffrey Epstein, Donald Trump já respondeu por outras denúncias de assédio e abuso sexual .
Em outubro de 2024, durante a campanha para as eleições presidenciais dos Estados Unidos, a ex-modelo Stacey Williams declarou à CNN que foi apalpada por Trump na década de 1990, durante um evento promovido por Epstein em Nova York.
De acordo com ela, Trump a tocou de forma inapropriada na presença do empresário. À época, a equipe de campanha do ex-presidente negou as acusações e afirmou que a denúncia tinha motivação política.
Em outra ocasião, em 2023, um júri civil determinou que Trump era responsável por abuso sexual contra a escritora E. Jean Carroll . Ele foi condenado a pagar uma indenização no processo.
Conflito político entre Musk e Trump
A acusação feita por Musk ocorreu em meio a um conflito crescente entre ele e Donald Trump.
A tensão começou após Musk criticar um pacote de gastos aprovado pelo Congresso.
Segundo Trump, Musk teria conhecimento prévio sobre o conteúdo do projeto, o que o empresário negou publicamente: “Falso, esse projeto de lei nunca me foi mostrado uma vez e foi aprovado no meio da noite.”
Em resposta, Trump chegou a sugerir o fim de contratos federais com empresas de Musk, afirmando: “A maneira mais fácil de salvar nosso orçamento [...] é acabar com os subsídios e contratos governamentais de Elon Musk.”