Papas podem fumar? Francisco baniu venda de cigarros no Vaticano
Reprodução Filme Conclave (2024)
Papas podem fumar? Francisco baniu venda de cigarros no Vaticano


No blockbuster  Conclave (2025), uma cena chama a atenção: cardeais fumam tranquilamente cigarros enquanto aguardam o início da votação para escolher o novo Papa. Embora a imagem possa surpreender alguns espectadores, ela levanta uma questão — afinal, papas podem fumar?

A resposta, em termos estritamente doutrinários, é sim. O Catecismo da Igreja Católica não proíbe diretamente o uso do tabaco. No entanto, orienta a moderação. No parágrafo 2290, está escrito: “A virtude da temperança nos dispõe a evitar todo tipo de excesso: o abuso de comida, álcool, tabaco ou medicamentos”. Ou seja, o cigarro não é condenado por si só, mas seu uso desregrado pode ser considerado moralmente errado, especialmente se prejudicar a saúde ou colocar outros em risco.

Apesar da ausência de uma proibição explícita, o Papa Francisco tomou uma medida clara em relação ao tema.

Em 2017, ele baniu a venda de cigarros no território do Vaticano. Segundo nota divulgada à época pela Santa Sé, o Papa justificou a decisão afirmando que "nenhum lucro pode ser legítimo se custa a vida das pessoas". Francisco, que nunca escondeu sua preocupação com questões sociais e de saúde pública, optou por alinhar a prática interna do Vaticano com uma postura ética mais rígida em relação ao tabagismo.

A decisão teve impacto direto nas lojas do Vaticano, que costumavam vender cigarros a preços reduzidos para funcionários e membros do clero. A medida foi bem recebida por médicos e profissionais da saúde, embora tenha incomodado alguns trabalhadores da Cúria habituados ao benefício.

Em entrevista ao Portal iG, o professor Rodrigo Coppe Caldeira, do Departamento de Ciências da Religião da PUC Minas, diz que o aviso está em sintonia com os valores da virtude defendida pela Igreja. “A Igreja ensina que devemos evitar os excessos, e isso inclui o tabaco. O catecismo nos alerta para os perigos do abuso, inclusive no que diz respeito à saúde e à vida”, explica o pesquisador.


Embora o uso de cigarros não seja algo comum ou incentivado entre os membros da hierarquia católica — e muito menos entre os pontífices —, há registros históricos de papas fumantes. João Paulo II, por exemplo, era ex-fumante, e Pio X teria fumado charutos esporadicamente.

Ainda assim, nos últimos pontificados, o hábito tem sido cada vez mais ausente, em sintonia com as campanhas globais de combate ao tabagismo.

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