O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi empossado oficialmente nessa sexta-feira (10). A cerimônia ocorreu na Assembleia Nacional, no Palácio Federal Legislativo, em Caracas. Em um longo discurso sobre a soberania venezuelana, o líder chavista mandou um recado direto aos Estados Unidos e outros países que, segundo ele, se uniram em uma "conspiração mundial pública" para contestar sua vitória.
"Se estamos aqui, é porque o Estado venezuelano está exercendo seu direito à legítima defesa, frente a uma conspiração mundial pública", disse Maduro. "O poder dos Estados Unidos e dos seus satélites na América Latina e no mundo converteram a eleição presidencial da Venezuela em uma eleição mundial. E a ganhamos", continuou.
"O povo da Venezuela ganhou do imperialismo. E agora eles não sabem como se vingar. O governo dos Estados Unidos não sabe como se vingar do nosso povo. [...] Nem vocês e nem ninguém será capaz de derrotar esse povo. Digo ao governo dos EUA e a quem quiser escutar", afirmou. "EUA e Europa estão derrotados. O fascismo está derrotado".
Saiba como foi a cerimônia
Maduro prestou juramento e recebeu a faixa presidencial. Ele está acompanhado da primeira-dama, Cilia Flores, de militares e de seus ministros. Ele comandará o país até 2031.
Em seu discurso, Maduro iniciou dizendo que cumpre com a constituição "que nasceu das nossas mãos". Além disso, saudou os “mais de 2 mil delegados e delegadas de mais de 120 países que acompanharam a posse”.
Criticou “traidores” e “oligarcas”. “Essa constituição nasceu contrariando as conspirações imperiais. Foi escrita pelo povo. Tem sido defendida pelo povo. E hoje podemos dizer: esta constituição está vitoriosa e a Venezuela está em paz, em pleno exercício de sua soberania nacional e popular”.
Falou sobre a luta contra o “colonialismo, supremacismo e imperialismo”. “Se há algo que caracteriza a história de 500 anos do povo dessa terra chamada Venezuela, é a história da resistência heroica, maravilhosa, contra todas as formas de dominação”.
O líder chavista interrompeu o discurso em alguns momentos para cumprimentar pessoas que chegavam, incluindo o representante russo que estava presente, Vyacheslav Volodin. “Vi chegando o presidente do Congresso da Rússia, enviado especial do presidente Vladimir Putin. Bem-vindo”, disse.
"Jamais falharei com vocês, jamais os trairei", prometeu ao povo venezuelano. "Eu disse que haveria paz, e há paz, e haverá paz. O fascismo está derrotado. A oligarquia está derrotada", completou, sendo aplaudido de pé pelos presentes.
“Este símbolo [a chave que abre a caixa com a primeira constituição, pendurada em seu pescoço] não me foi dado por um governo gringo. Não foi o governo dos Estados Unidos que me colocou como presidente, nem os governos pró-imperialistas da direita latinoamericana. Venho do povo, sou do povo e meu poder emana da história e do povo. E é ao povo que eu devo”, continuou.
“Tenho um só sonho, um só chefe, e obedeço uma só ordem. Meu coração é entregue a uma só força. E essa força é a força do povo trabalhador”.
Veja a programação completa:
- 12h30 – Maduro deixa o Palácio de Miraflores em direção à Assembleia Nacional
- 13h00 – Maduro entra na Assembleia Nacional e cerimônia começa
- 13h30 – Juramento e apresentação da faixa presidencial
- 13h45 – Maduro discursa
- 14h30 – Maduro deixa Assembleia Nacional
- 16h00 – Maduro deve fazer segundo discurso ao público
Posse em meio à tensão internacional
A cerimônia de posse de Maduro ocorre horas após centenas de protestos contrários ao governo nas ruas de Caracas. Assessores da líder da oposição, a ex-deputada María Corina Machado, denunciaram que ela foi brevemente detida por forças de segurança durante as manifestações.
O líder chavista assume o governo venezuelano em meio à tensão internacional pela falta de transparência no pleito, no qual tanto ele quanto o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, afirmam ter vencido.
Com os resultados incertos e sem a divulgação das atas eleitorais, diversos países contestaram a vitória de Maduro, endossada pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela - um órgão publicamente apoiado pelo chavismo.
A oposição contestou e divulgou as atas eleitorais reunidas em todo o país, afirmando que eram provas de que González venceu com o dobro de votos de Maduro.
Analistas independentes, inclusive convidados por Maduro para a checagem de votos, concluíram que as contagens publicadas pelos opositores são provavelmente válidas. Com isso, diversos países reconheceram González como o vencedor do pleito.