O governo de Nicolás Maduro cometeu crimes de lesa a humanidade contra a sua própria população no período das eleições presidenciais na Venezuela , segundo um relatório da missão internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta terça-feira (15).
Segundo a missão, o regime de Maduro perseguiu e reprimiu manifestações políticas antes, durante e após o pleito, que aconteceu em 28 de julho.
"As violações, cometidas com intenção discriminatória, constituem o crime de lesão humanitária de perseguição por motivos políticos em razão da identidade das vítimas", diz o relatório da ONU.
No período analisado pela missão neste ano, 25 pessoas foram assassinadas por arma de fogo em protestos, o que configura crime contra a humanidade. Além disso, outras centenas ficaram feridas e milhares foram presas "simplesmente por exercer seu direito fundamental à liberdade de expressão".
Segundo o relatório, há "diversas e crescentes violações cometidas pelo governo venezuelano, pelas forças de segurança e por grupos civis armados pró-governamentais antes, durante e depois das controvertidas eleições presidenciais de julho".
A prévia do levantamento, divulgada em setembro, já apontava a escalada da repressão de Maduro contra seus opositores e manifestantes após o pleito.
A líder opositora María Corina Machado disse que a publicação do novo relatório é "mais um passo que nos aproxima da liberdade". Com a acusação de crimes de lesa humanidade, o documento é "um elemento crucial para o isolamento cada vez maior do regime (de Nicolás Maduro), e a prova para que seja feita justiça internacional".
O governo de Maduro ainda não se manifestou sobre a publicação do relatório.
Crise na Venezuela
O Conselho Nacional da Venezuela (CNE) declarou a vitória de Maduro em 29 de julho, entretanto, as atas eleitorais nunca foram publicadas. Desde então, instalou-se uma crise política no país, pois tanto o líder chavista quanto a oposição, liderada por María Corina Machado e Edmundo González, reivindicam a vitória.
A contagem própria da oposição, que teve acesso às atas por meio de representantes que foram aos locais de votação, aponta que Edmundo González venceu Maduro. O mesmo resultado foi apontado por um levantamento independente feita pela agência de notícias Associated Press, com base nas atas digitalizadas pela oposição em um site, que afirma a vitória de González por 500 mil votos.
Nos últimos meses, o governo de Maduro tem sido cobrado pelas autoridades internacionais para apresentar as atas eleitorais, para garantir a transparência do pleito. A cobrança tem sido feita por países como o Brasil e os Estados Unidos, que ainda não reconheceram a vitória de Maduro.
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