Explosivos em pagers estavam disfarçados como chips e tinham algoritmos, diz TV libanesa

Reportagem desta quarta-feira (18) afirma que chips indetectáveis foram implantados nos eletrônicos

Ambulâncias transportam feridos para um hospital de Beirute após explosões sangrentas de “pagers” de membros do Hezbollah, no Líbano, 17 de setembro de 2024
Foto: ANWAR AMRO/AFP
Ambulâncias transportam feridos para um hospital de Beirute após explosões sangrentas de “pagers” de membros do Hezbollah, no Líbano, 17 de setembro de 2024

Em uma reportagem nesta quarta-feira (18), a TV libanesa Al Mayadeen , apontou que as explosões de pagers que causaram a morte de 12 pessoas e feriram outras 2.750 na terça-feira (17) ocorreram devido a chips indetectáveis implantados nos eletrônicos, com um algoritmo específico para ativação.

De acordo com fontes de segurança citadas pela TV, os explosivos estavam ocultos em chips “IC” inseridos nos dispositivos. Ao receber uma mensagem, o material de lítio que alimenta o pager causou a explosão, e não a bateria, como havia sido sugerido anteriormente.

A explosão foi desencadeada automaticamente cerca de 4 segundos após a recepção do som da chamada com a mensagem escrita, afetando tanto aqueles que fizeram uso do pager quanto os que não o fizeram.

Pagers que estavam desligados ou em áreas sem sinal, assim como os modelos mais antigos, não foram afetados.

A TV libanesa detalha que a tecnologia usada na explosão envolvia um método avançado, com o material explosivo ativado por uma mensagem detectada por algoritmos sofisticados.

O método impossibilitou a detecção dos explosivos por meios convencionais de verificação, superando até mesmo os sistemas de segurança de aeroportos e países ao redor do mundo.

Uma fonte citada pela TV afirmou: "O material explosivo foi usado com o objetivo de matar, especialmente aqueles dispositivos presos na cintura, para que a onda de explosão entrasse diretamente no corpo. Além de seus crimes militares sem precedentes na Faixa de Gaza, Israel, com esta operação agressiva, ultrapassou todas as regras proibidas em guerras de segurança. Israel usou uma empresa global e um dispositivo civil com controle cibernético e tomou a decisão de assassinato em massa deliberado."


Os canais ligados ao Hezbollah no Telegram compartilharam a reportagem, acrescentando que também foram instaladas escutas nos pagers.

De acordo com essas fontes, Israel decidiu realizar a operação após suspeitar de falhas de segurança e infiltração.

A mensagem divulgada alegou que o governo israelense passou quatro meses implantando os dispositivos de escuta e armando-os para explodirem quando necessário.

"Com essa ação, Israel perdeu o maior tesouro de informações que lhe permitia entender o que se passava dentro do Hezbollah. O ditado 'há males que vêm para o bem' se aplica a este incidente grave. O Hezbollah aumentará seu estado de alerta e revisará todo o sistema de segurança para fechar possíveis brechas", declarou o texto.

Nesta quarta-feira (18), foi revelado que a empresa responsável pela fabricação dos pagers explosivos era a BAC Consulting KFT, com sede na Hungria e licenciamento para utilizar a marca da taiwanesa Gold Apollo em algumas regiões.

No entanto, segundo a agência de notícias Associated Press , a BAC Consulting KFT parece ser uma empresa de fachada. Na sede, localizada em um prédio residencial em Budapeste, jornalistas encontraram o nome da empresa, com o de várias outras, apenas afixado em pedaços de papel em uma janela.

A busca pela responsável pela empresa, Cristiana Rosaria Bársony-Arcidiacono, não conseguiu estabelecer uma conexão entre ela, a BAC e os pagers explosivos.