A confirmação de que Edmundo González deixou a Venezuela e chegou à Espanha fugindo da justiça é apenas o mais recente indício da escalada autoritária sob o governo de Nicolás Maduro. A falta de independência entre os Poderes e o domínio dos militares bolivarianos em cargos-chave da administração pública têm sido características do sistema venezuelano há mais de uma década. Recentemente, especialistas apontam que Maduro avançou ainda mais na derrocada democrática do país. Veja abaixo os principais marcos dessa crise:
Janeiro: O Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela decidiu impedir María Corina Machado de concorrer a qualquer cargo público por 15 anos. Apesar de ter sido aprovada nas prévias da oposição com mais de 90% dos votos, Machado foi condenada por sua participação na autoproclamada presidência de Juan Guaidó em 2019. Guaidó, que não chegou a administrar o país de fato, teve seu mandato reconhecido por diversos países internacionais.
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Março: ICorina Yoris, a substituta de María Corina Machado como cabeça de chapa da oposição, teve seu registro barrado horas antes do fim do prazo oficial para a inscrição no sistema online da autoridade eleitoral venezuelana.
Abril: A Plataforma Unitária Democrática lançou Edmundo González à presidência. O diplomata aposentado de 74 anos, até então sem cargos eletivos, foi apoiado por uma coalizão de 11 partidos de centro-esquerda e centro-direita. Após a sua candidatura, seis assessores de María Corina Machado buscaram asilo na embaixada da Argentina, após a Justiça venezuelana decretar prisão por “conspiração”.
Maio: O governo de Nicolás Maduro retirou o convite para observadores da União Europeia acompanharem a disputa eleitoral. A decisão foi justificada pelo Palácio de Miraflores como uma resposta às sanções econômicas impostas pelo bloco ao país.
Julho: No início de julho, o chefe de segurança de María Corina Machado foi preso e solto no dia seguinte. Pesquisas mostraram favoritismo de Edmundo González, e a oposição convocou manifestações em todo o país. No dia 28, 11,7 milhões de eleitores foram às urnas. O Conselho Nacional Eleitoral anunciou a vitória de Nicolás Maduro com 51,21% dos votos apurados. A oposição contestou o resultado e pediu a divulgação das atas eleitorais. O Carter Center declarou que as eleições não foram democráticas e retirou sua equipe da Venezuela.
Agosto: O governo fez mais de 2 mil prisões e afirmou que os presídios de segurança máxima estariam superlotados com os detidos durante os protestos. A ONU registrou 23 mortes devido à repressão policial e denunciou a detenção de crianças e adolescentes. Muitos países consideraram a reeleição de Maduro como uma fraude. A Venezuela rompeu relações diplomáticas com países que reconheceram a vitória de Edmundo González, incluindo a Argentina, e o Brasil assumiu a representação diplomática da Casa Rosada em Caracas. Assessores de María Corina Machado foram presos e o escritório da oposição foi invadido por homens encapuzados.
Setembro: A polícia venezuelana cerco a embaixada argentina, sob representação brasileira, e alegou que opositores asilados no local planejavam um atentado contra Nicolás Maduro. Edmundo González, alvo de um mandado de prisão, deixou a Venezuela após receber asilo político da Espanha.
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