Na última segunda-feira (10), o Conselho de Segurança da ONU deu o sinal verde para uma resolução de cessar-fogo na disputa entre Israel e o grupo terrorista Hamas
, na Faixa de Gaza. Com 14 votos a favor, nenhum contra e uma abstenção da Rússia, o texto foi aprovado.
A proposta, originada por Israel e encaminhada pelos Estados Unidos, pede ao grupo Hamas que aceite os termos propostos. A resolução exige que "ambas as partes implementem plenamente os seus termos, sem demora e sem condições".
Entretanto, é importante ressaltar que a aprovação da resolução não garante necessariamente que Israel e o Hamas irão aderir a ela.
O acordo foi planejado em três fases. Na primeira etapa, estão previstas as seguintes medidas:
- - Um cessar-fogo completo com duração de seis semanas;
- - Retirada das forças israelenses das áreas densamente povoadas na Faixa de Gaza;
- - Libertação de reféns sequestrados durante os ataques do Hamas, incluindo mulheres, idosos e feridos, em troca da libertação de prisioneiros palestinos mantidos por Israel.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que desempenhou um papel central na negociação deste acordo junto com Israel, expressou confiança de que este cessar-fogo pode resultar na libertação dos reféns do Hamas em Gaza, além de marcar o fim da guerra, que teve início em 7 de outubro de 2023 e já causou a morte de mais de 37 mil palestinos, entre combatentes e civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza.
De acordo com Biden, durante a primeira fase, os reféns americanos seriam liberados e os corpos dos reféns falecidos seriam entregues às suas famílias. Se as negociações para a libertação dos reféns se estenderem além das seis semanas previstas, o cessar-fogo continuará, enquanto os EUA, o Egito e o Catar continuam a negociar.
“Enquanto o Hamas cumprir seus compromissos, o cessar-fogo temporário se tornaria, nas palavras da proposta israelense, ‘a cessação das hostilidades de forma permanente’”, disse Biden.
O plano também contempla um aumento da assistência humanitária para Gaza, incluindo a entrada diária de 600 caminhões de suprimentos no território.
As fases subsequentes do acordo visam a libertação dos demais reféns, a retirada total das tropas israelenses da Faixa de Gaza, e o início de uma ampla reconstrução na região, que enfrenta décadas de devastação devido à guerra.
De acordo com o governo americano, a proposta de cessar-fogo israelense, aprovada pelo Conselho da ONU, está sob análise do Hamas desde 30 de maio.
Os ataques terroristas de 7 de outubro resultaram no sequestro de cerca de 250 reféns israelenses pelo Hamas. Durante o primeiro - e até agora único - cessar-fogo na guerra, em novembro de 2023, mais de 100 reféns foram libertados. Aproximadamente 120 pessoas permanecem sob o poder do Hamas em Gaza, e Israel acredita que dezenas delas estejam mortas.
O texto da resolução, obtido pela agência de notícias AFP, "saúda" a proposta de trégua anunciada em 31 de maio pelo presidente dos EUA, Joe Biden. Além disso, afirma, diferentemente das versões anteriores, que o plano foi "aceito" por Israel.
Apesar de Biden afirmar que o plano surgiu de Israel, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que pretende continuar a guerra até eliminar o Hamas.
Pressão para que o Hamas aceite
Segundo a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, Israel já concordou com a resolução de cessar-fogo na guerra, e uma possível trégua no conflito estaria nas mãos do Hamas.
"Hoje, o Conselho manda uma mensagem clara ao Hamas: aceite a proposta posta na mesa. Israel já aceitou o acordo e os combates poderiam parar hoje, se Hamas fizer o mesmo. Repito: os combates poderiam parar hoje", afirmou a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield.
O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, também pediu aos líderes do Oriente Médio que pressionem o grupo terrorista para aceitar. "Minha mensagem aos governos e ao povo de toda a região é: se vocês querem um cessar-fogo, pressionem o Hamas a dizer 'sim'".
Em comunicado, o Hamas comemorou a resolução de cessar-fogo e afirmou que está pronto para cooperar para "que estão em consonância com as demandas de nosso povo e resistência". A pressão sobre o grupo terrorista aumentou.
"Queremos pressionar o Hamas para que aceite este acordo, é por isso que temos esta resolução, porque estamos prestes a conseguir algo realmente importante", acrescentou Linda Thomas-Greenfield, em consonância com o discurso de Biden.
O Egito, junto com o Catar e os EUA, tem atuado como mediador nas negociações de trégua na guerra. A Presidência da Autoridade Palestina também comemorou o cessar-fogo.
A diplomata sênior de Israel na ONU, Reut Shapir Ben Naftaly, por outro lado, manteve a tradição do país de dar declarações vagas sobre esse tema. Ela disse que os objetivos do país em Gaza sempre foram claros.
"Israel está comprometido com esses objetivos - libertar todos os reféns, destruir as capacidades militares e governamentais do Hamas e garantir que Gaza não represente uma ameaça a Israel no futuro," disse ela. "É o Hamas que está impedindo o fim desta guerra. O Hamas e apenas o Hamas.
Resolução de cessar-fogo é ignorada historicamente
Em março, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução exigindo um cessar-fogo imediato na guerra, porém, tanto Israel quanto Hamas não a seguiram. Isso acontece porque, embora as resoluções do Conselho sejam legalmente vinculativas, muitos países acabam ignorando-as na prática.
Os Estados Unidos, principais aliados de Israel, têm protegido o país em votações anteriores, vetando outros três acordos de cessar-fogo na guerra votados pela ONU, sendo o último deles em fevereiro.
Benny Gantz, que integra a coalizão do governo Netanyahu, anunciou sua saída do Gabinete de Guerra de Israel no domingo. Gantz vinha defendendo um acordo de cessar-fogo e sugerindo que uma entidade independente, formada por americanos, europeus, palestinos e outros árabes, governasse a Faixa de Gaza após o conflito. Com sua saída, um moderado, do gabinete de guerra, espera-se que os grupos mais conservadores ganhem mais influência nas decisões sobre a guerra.
O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em visita ao Oriente Médio, instou os países da região a pressionarem o movimento islamista palestino para que aceitem o acordo.
"Minha mensagem para os governos na região é que, se quiserem um cessar-fogo, pressionem o Hamas para que diga sim", disse ele aos jornalistas no Cairo.
Desde o ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro e a subsequente resposta israelense em Gaza, o Conselho de Segurança tem enfrentado dificuldades para se manifestar de forma unida sobre o conflito. Após duas resoluções focadas principalmente na ajuda humanitária, no final de março, o Conselho finalmente exigiu um "cessar-fogo imediato" durante o Ramadã, com a abstenção dos EUA.
Quer ficar por dentro das principais notícias do dia? Clique aqui e faça parte do nosso canal no WhatsApp