Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza
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Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa , disse a jornalistas que rompeu relações com o filho, Nuno. O motivo seria o suposto favorecimento a gêmeas brasileiras, Lorena e Maitê. O mandatário português está sendo investigado pelo Ministério Público acusado de propiciar um tratamento a elas que custou 4 milhões de euros (mais de R$ 22 milhões) aos cofres públicos de Portugal. O pedido foi feito pelo filho.

"Isso é imperdoável, porque ele sabe que eu tenho um cargo público e político, e pago por isso. Há coisas piores na vida. Não sei se ele vai ser responsabilizado, não me interessa. Essa é uma das vantagens de se cortar. Ele tem 51 anos, se fosse o meu neto mais velho e preferido, com 20 anos, eu me sentiria corresponsável. Mas, com 51 anos, é maior e vacinado", afirmou Rebelo.

Segundo o  presidente de Portugal, a relação com o filho já não era boa há tempos, mas o estopim ocorreu no final do ano passado, quando o caso das gêmeas veio à tona.

Rebelo contou ainda que, ao visitar o Brasil em 2023, Nuno marcou uma reunião com vários políticos brasileiros para mostrar influência. O presidente afirma ter ficado muito chateado e optou por se distanciar do filho. 

“Expliquei a um antigo presidente brasileiro, a presidentes de partidos, governadores que, se eu aceitasse que ele fosse, eles ficariam convencidos de que a melhor maneira de se chegar até a mim era através do filho. E o filho ficaria convencido de que a melhor maneira de chegar até eles era através de mim”, detalhou. "Isso veio pouco meses antes das gêmeas, o que mostrou o acerto da minha decisão (de romper com Nuno)", acrescentou.

Entenda o caso

Em 2019, Nuno pediu à Casa Civil que providenciasse um tratamento para as gêmeas Lorena e Maitê, portadoras da doença rara chamada atrofia muscular espinhal (AME).

Depois de seus trâmites, elas foram atendidas no Hospital de Santa Maria e receberam, muito rapidamente, o medicamento zolgensma, de dose única. Ele é considerado o mais caro no mundo, pois, cada dose custa 2 milhões de euros (R$ 11 milhões). 

Na época, o hospital não recomendou que elas tomassem o zolgensma, por já fazerem um tratamento no Brasil. Além disso, o instituto alegou que não tinha orçamento para comprar o medicamento, que também não havia sido liberado em Portugal pelo órgão regulador.

Rebelo disse que, quando foi procurado por Nuno para falar das gêmeas brasileiras, estava para fazer uma cirurgia no coração. Na época, o presidente afirma não ter dado muita atenção ao caso, até porque a própria Casa Civil da Presidência da República já havia negado o pedido do filho.

Meses depois, Nuno telefonou para o pai afirmando que a Casa Civil estava contra ele. “Passa-se 2020, 2021, 2022, vem 2023, e vem o caso. Foi preciso recorrer à tecnologia para recuperar as mensagens (que havia trocado com o filho). Não me lembrava das gêmeas”, afirmou Rebelo.

Lorena e Maitê tem nacionalidade brasileira e portuguesa. Segundo a própria mãe das gêmeas, elas só tiveram acesso ao remédio mais caro do mundo “graças a um pistolão”.

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