População fica sem abrigo na Faixa de Gaza
Divulgação/UNRWA
População fica sem abrigo na Faixa de Gaza

Após visitar os hospitais Al-Awda e Kamal Adwan, no norte da Faixa de Gaza, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse ter feito “descobertas sombrias”, ao citar  níveis graves de desnutrição, crianças morrendo de fome, grave escassez de combustível, alimentos e suprimentos médicos e edifícios hospitalares destruídos.

Nas redes sociais, Tedro lembrou que as visitas, no último fim de semana, foram as primeiras desde o início de outubro do ano passado, “apesar dos nossos esforços para obter um acesso mais regular ao norte de Gaza”. “A situação no Hospital Al-Awda é particularmente terrível, pois um dos edifícios está destruído”, destacou.

“O Hospital Kamal Adwan é o único hospital pediátrico no norte de Gaza e está lotado de pacientes. A falta de alimentos resultou na morte de dez crianças. A falta de eletricidade representa uma séria ameaça ao atendimento aos pacientes, especialmente em áreas críticas como a unidade de cuidados intensivos e a unidade neonatal.”

Ainda segundo Tedros, a OMS conseguiu entregar 9,5 mil litros de combustível para cada um dos hospitais da região, além de alguns suprimentos médicos essenciais. “Isso representa uma fração de todas as necessidades urgentes para o salvamento de vidas”, pontuou.

“Apelamos a Israel para que garanta que a ajuda humanitária possa ser entregue de forma segura e regularmente. Os civis, especialmente crianças, e o pessoal de saúde precisam de ajuda imediatamente. Mas o principal remédio que todos esses pacientes necessitam é paz. Cessar-fogo”, concluiu.

25% da população de Gaza está a um passo da fome

Na terça-feira passada (27), o diretor-coordenador do Gabinete da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Ramesh Rajasingham, afirmou que  ao menos 576 mil pessoas na Faixa de Gaza — um quarto da população — estão a um passo da fome.

Ramesh afirmou, durante reunião do Conselho de Segurança da ONU, que a organização e grupos de auxílio humanitário têm enfrentado “enormes obstáculos apenas para levar um mínimo de suprimentos para Gaza”.

Ele adicionou que a fome generalizada pode ser “quase inevitável” se a comunidade internacional não se comprometer em prestar auxílio e se as Forças Israelenses não pararem de impedir a chegada das caravanas de ajuda na região.

“Muito pouco será possível enquanto as hostilidades continuarem e enquanto houver risco que elas se espalhem em áreas superlotadas no sul de Gaza. Nós, portanto, reiteramos nosso apelo por um cessar-fogo”, disse Rajasingham.

Ele afirmou ao Conselho que, na região norte de Gaza, uma em cada seis crianças menores de dois anos sofre de desnutrição severa e definhamento. Além disso, todos os 2,3 milhões de refugiados dependem de auxílio alimentar “lamentavelmente inadequado” para sobreviver.

O diretor-geral adjunto da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), Maurizio Martina, alertou que 97% da água em Gaza está inapta para o consumo, o que colabora diretamente para a destruição da infraestrutura de produção, processamento e distribuição de alimentos.

Ainda na ONU, o vice-embaixador israelense, Jonathan Miller, afirmou que o governo de Benjamin Netanyahu quer trazer melhorias para a situação humanitária em Gaza, atribuindo as limitações do processo à ONU e de outras agências.“

"Israel tem sido claro nas suas políticas. Não há absolutamente nenhum limite, e repito, não há nenhum limite para a quantidade de ajuda humanitária que pode ser enviada para a população civil de Gaza“, disse Miller ao Conselho de Segurança.

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