O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou na tarde desta sexta-feira (22) uma resolução que aprova uma trégua no conflito entre Israel e Hamas. A proposta foi sugerida pelos Emirados Árabes Unidos e teve abstenções dos Estados Unidos e Rússia.
A medida prevê maior ajuda humanitária em Gaza, além de pedir medidas para reduzir as hostilidades e encontrar meios para um fim “sustentável” do conflito. O texto também pede a nomeação de um coordenador humanitário para organizar as entregas de insumos humanitários à Faixa de Gaza.
A resolução, porém, não condena os ataques e deixe Gaza e, principalmente, Israel serem consultados sobre as ajudas que entraram pela passagem de Rafah. O conselho também pede a colaboração das Nações junto ao coordenador humanitário para “cumprir o mandato sem atrasos e obstruções”.
A aprovação da resolução acontece após semanas de negociações com os Estados Unidos para evitar o veto ao texto. Washington foi responsável, junto da Rússia, pelo veto de todas as outras resoluções discutidas pelo Conselho de Segurança da ONU, inclusive o do Brasil.
O acordo foi firmado após a Casa Branca pedir alterações na resolução árabe, entre elas o pedido de “suspensão urgente” do conflito. Washington determinou que seja feito medidas urgentes para a ajuda humanitária e cria “condições para a suspensão sustentável” da guerra entre Israel e Hamas.
Os Estados Unidos ainda foram responsáveis pelo dispositivo que cria o cargo de coordenador humanitário no conflito. O texto anterior determinava que o secretário-geral da ONU fosse o responsável pela fiscalização das ajudas humanitárias.
A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que a resolução expõe a gravidade da guerra e ressaltou a necessidade do trabalho de um representante das Nações Unidas para mediar o conflito.
“Esta resolução fala da gravidade desta crise e apela-nos a fazer mais. Esta resolução coloca o peso do Conselho de Segurança por detrás destes esforços e reforça-os ao apelar à nomeação de um alto funcionário da ONU que trabalhará para acelerar a entrega de ajuda humanitária em grande escala e de forma sustentada”, declarou.
O embaixador do Brasil na ONU, Sérgio França Danese, comemorou a aprovação da medida, mas pediu a colaboração do Hamas para a libertação dos reféns. Ele também vê a medida como uma “obrigação” pelo direito humanitário internacional.
“O Brasil saúda a adoção de hoje. Agradecemos aos Emirados Árabes Unidos por conduzirem e facilitarem incansavelmente as negociações”, afirmou.
“O momento da resposta humanitária ao sofrimento dos civis em Gaza é agora, não amanhã, não quando este conflito finalmente terminar. Após mais de 70 dias de hostilidades, a situação em Gaza é terrível. Os restantes reféns devem ser libertos imediatamente. Os civis e as instalações civis devem ser protegidos. Esta não é apenas uma escolha moral ou ética. É uma obrigação ao abrigo do direito humanitário internacional, tal como o acesso humanitário”, concluiu Danese.