Cerca de 1,7 milhão de palestinos foram forçados a deixar suas casas na Faixa de Gaza desde o início da guerra entre Israel e Hamas, de acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU). O número representa 80% da população de Gaza.
As famílias deixaram suas casas em busca de locais mais seguros, como escolas, hospitais e abrigos humanitários. Além disso, houve uma forte fuga para o sul desde que as forças israelenses ordenaram a evacuação do norte, que sofre uma invasão terrestre. Mesmo com a ordem, o sul de Gaza continuou sendo atingido por bombardeios.
A agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) abriga cerca de 1.037.000 pessoas em 156 instalações. Cerca de 160 mil pessoas estavam em 57 escolas da UNRWA no dia 12 de outubro, antes das ordens de evacuação - os números não foram atualizados desde então por dificuldades de contato. "A UNRWA não tem acesso a estes abrigos para ajudar ou proteger os deslocados internos e não tem informações sobre as suas necessidades e condições", diz a agência da ONU, em relatório divulgado nesta quinta-feira (23).
Os demais abrigos passam por superlotação e condições bastante precárias. Em média, há um banheiro para cada 220 pessoas e um chuveiro para cada 4,5 mil pessoas. Isso acontece porque a maior parte das instalações não são originalmente abrigos - como escolas, por exemplo.
"A UNRWA não conseguiu trazer quaisquer chuveiros móveis adicionais para os seus abrigos devido à falta de espaço e/ou falta de combustível para transporte", diz a organização.
Mesmo dentro dos abrigos da ONU, não há segurança, afirma a agência. Desde o início da guerra, 69 instalações foram atingidas por ataques israelenses, sendo que 23 sofreram impactos diretos. "Além disso, a UNRWA recebeu relatos de entrada não autorizada e utilização militar das suas instalações em pelo menos cinco ocasiões, incluindo entrada de tanques das Forças Israelenses nas instalações, utilização por franco-atiradores e interrogatórios e detenções dentro das instalações", diz o relatório.
Ao menos 191 pessoas morreram e 798 pessoas ficaram feridas dentro de abrigos da UNRWA. Desde o início da guerra, 108 funcionários da agência foram mortos, maior número de trabalhadores da ONU mortos em um conflito na história.