O Conselho de segurança da ONU aprovou a primeira resolução que pede uma pausa humanitária na guerra de Israel contra o Hamas. O texto inicial partiu da iniciativa de Malta, nação que fica no Mar Mediterrâneo, e versava, inicialmente, sobre a proteção às crianças em Gaza.
Três membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU se abstiveram de votar: os Estados Unidos, o Reino Unido e a Rússia. Quatro projetos do tipo foram rejeitados até a aprovação.
A resolução foi aprovada por doze países, lembrando que o Conselho de Segurança da ONU é formado por cinco membros permanentes - além dos citados acima, há a França e a China - e outros dez que assumem mandatos de dois anos. Atualmente, o Brasil é membro rotativo do Conselho e, como era esperado, votou a favor da medida.
O documento pede por "pausa humanitária urgente e estendida e também corredores pela faixa de Gaza que duram tempo suficiente para acesso humanitário rápido, completo e seguro".
Além disso, pede que sejam obedecidas as leis internacionais, principalmente a proteção de civis, especialmente crianças, e também a libertação imediata e incondicional dos reféns feitos pelo Hamas, uma reinvidicação de Israel para promover um cessar-fogo breve .
Na prática, uma resolução do Conselho de Segurança é algo que deve ser adotado por todos os países membros da ONU, no entanto, o histórico de Israel aponta que, ao longo das décadas, o país coleciona casos de desobediência a esse tipo de acordo.
O embaixador da China e atual presidente do Conselho de Segurança da ONU, Zhang Jun, ratificou o acordo e lamentou que o órgão deveria ter adotado uma solução mais robusta há muito tempo. Ele fez um apelo para que Israel suspenda as hostilidades e restaure acesso a suprimentos básicos.
A organização alertou que cerca de 70% da população de Gaza ficará sem água potável hoje . Somado a isso, a invasão do principal hospital da região por Israel também causou o repúdio da ONU e também foi criticada até pelos Estados Unidos, país que é aliado incondicional da nação israelense .
O governo brasileiro considera que a resolução deveria ter sido aprovada há semanas atrás, uma vez que o conflito começou no dia 07 de outubro, após os ataques terroristas contra Israel, e a escalada até uma guerra aberta em Gaza não tardou, opinião compartilhada pela Suíça e outros países.
Como justificativa para a sua abstenção, o Reino Unido afirmou que o documento não condena as ações do Hamas com a ênfase esperada. Barbara Woodward, embaixadora e representante permanente da Grã-Bretanha, afirmou que muitas crianças estão perdendo suas vidas e que é certo para o Conselho ordenar uma pausa longa suficiente para enviar auxílio que podem salvar vidas para aqueles que necessitam dele. "Isso salvará vidas. Nós precisamos de um esforço coletivo para conseguir levar o auxílio". Mas o empecilho foi o texto.
O mesmo ponto foi uma justificativa para os Estados Unidos fazerem o mesmo. No entanto, a abstenção não implica em veto, o que permitiu a aprovação da resolução.
Por sua vez, a Rússia também questionou a resolução. O embaixador do país na ONU, Vasily Nebenzya, afirmou que a principal razão para a abstenção é "a falta de uma determinação imediata por um cessar-fogo. Isso era e continua a ser o imperativo. Qualquer ação humanitária requer uma parada imediata dos combates", a despeito do país estar em guerra contra a Ucrânia, nação que foi invadida pelos russos em 2014 e, até agora, ainda em conflito.