Não assumiremos Gaza sem acordo com Cisjordânia, diz premiê palestino

Mohammad Shtayyeh rejeita a retomada do governo da Faixa de Gaza sem uma solução política que envolva a Cisjordânia para alcançar a solução de dois Estados

Foto: Abbas Momani/Pool Photo - 09.06.2020
O primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh, durante uma conferência de imprensa na Cisjordânia

Caso Israel cumpra sua promessa de remover a liderança do grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza, o primeiro-ministro da  Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh, afirmou nesse domingo (29) que a Palestina não retomará o governo da região, a menos que uma solução "abrangente" seja construída, envolvendo a  Cisjordânia.

"Deveríamos permitir que a Autoridade Palestina assuma o controle de Gaza e gerencie seus assuntos sem uma solução política para a Cisjordânia, como se estivéssemos embarcando em um F-16 ou um tanque israelense?", questiona Shtayyeh. “Eu não aceito isso. Nosso presidente [Mahmoud Abbas] não aceita. Nenhum de nós aceitará”.

Ele acrescenta: "Acreditamos que precisamos ter uma visão abrangente e pacífica. A Cisjordânia requer uma solução, e só então podemos unir Gaza a ela no contexto de uma solução de dois Estados".

Em 2007, a Autoridade Palestina foi deposta de Gaza pelo  Hamas, que controla a região desde então. Segundo Shtayyeh, a própria necessidade israelense de que outros governos administrem o território no lugar do Hamas dá à comunidade internacional uma rara oportunidade para alavancar as negociações em prol de uma solução de dois Estados. “A questão para nós é: como podemos fazer deste desastre uma oportunidade para a paz?”, pontuou.

Israel comandou a Faixa de Gaza por 38 anos, até efetuar um plano de retirada em 2005, após um ano de negociações com a Autoridade Palestina. O governo de Israel não pretende voltar ao comando direto da região.

“Penso que agora é o momento para o presidente americano e para a Europa retomarem a liderança e dizerem: 'Estamos prontos para o dia seguinte e para uma solução abrangente e não uma solução parcial'”, disse o premiê palestino.