Ordem de Israel é 'sentença de morte' para pacientes de Gaza, diz OMS

Israel ordenou que cerca de 1,1 milhão de pessoas deixem a parte norte da Faixa de Gaza em 24 horas

Foto: Divulgação/OMS
Sistema de saúde de Gaza está em colapso

ordem de Israel para que os cidadãos de Gaza evacuem para o sul  equivale a uma "sentença de morte" para pacientes hospitalares vulneráveis, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a OMS, é impossível fazer a evacuação de pacientes vulneráveis em 24 horas, prazo estabelecido por Israel. "Há pessoas gravemente doentes cujos ferimentos significam que a sua única hipótese de sobrevivência é utilizar aparelhos de suporte vital, como ventiladores mecânicos", disse o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.

"Portanto, mover essas pessoas é uma sentença de morte. Pedir aos profissionais de saúde que o façam é mais do que cruel", completa.

A OMS vem solicitando a abertura de corredores humanitários para que medicamentos, itens básico de saúde e profissionais consigam entrar em Gaza. O  Ministério da Saúde palestino já informou que o sistema de saúde da região está colapsado.

"Há uma sobrecarga de de vítimas chegando a cada minuto e a cada hora ao hospital com diferentes tipos de lesões. O hospital está sofrendo com escassez de suprimentos de saúde, principalmente suprimentos médicos descartáveis ​​e medicamentos", afirma o doutor Husam, Oficial de Emergência da ONU em Gaza.

"Outro problema alarmante é a falta de combustível, necessário para rodar a estação de eletricidade que alimenta o hospital", completa ele, que descreve a situação como "difícil" e "muito tensa".

Atualmente, Gaza está completamente cercada por Israel, que impede a entrada de suprimentos e combustível, além de ter cortado a eletricidade local. Nesta quinta-feira (12), o ministro de Energia de Israel, Israel Katz, disse que  não haverá eletricidade, combustível ou ajuda humanitária em Gaza até que o Hamas liberte todos os prisioneiros.

Segundo a OMS, "o tempo está se esgotando para evitar uma catástrofe humanitária se o combustível e os fornecimentos humanitários e de saúde que salvam vidas não puderem ser entregues com urgência à Faixa de Gaza no meio do bloqueio total". 

"Os hospitais têm apenas algumas horas de eletricidade por dia, pois são forçados a racionar as reservas de combustível que se esgotam e dependem de geradores para sustentar as funções mais críticas. Mesmo estas funções terão de cessar dentro de alguns dias, quando os estoques de combustível se esgotarem", alerta a OMS. "Cada hora perdida coloca mais vidas em risco", completa.

Evacuação é "impossível", diz ONU

Nesta quinta, Israel emitiu a ordem para que os cidadãos evacuem a parte norte da Faixa de Gaza em 24 horas, prazo que termina nesta sexta-feira (13).

Jonathan Conricus, porta-voz das forças israelenses, afirmou que a "evacuação é para a própria segurança" dos moradores da Faixa de Gaza, já que Israel pretende realizar uma ofensiva terrestre no local. Segundo a imprensa local, cerca de 1,1 milhão de pessoas teriam que se deslocar.

A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que o deslocamento de tantas pessoas é "impossível" e pode ter consequências devastadoras. Já o principal diplomata da União Europeia, Josep Borrell, descreveu a ordem de Israel como "completamente irrealista".