Um avião da frota aérea da Presidência da República, com capacidade para 40 passageiros, decolou na tarde desta quinta-feira (12), da Base Aérea de Brasília, com destino ao Egito. A missão é resgatar um grupo de brasileiros que estão na Faixa de Gaza, zona que tem sido intensamente bombardeada pelas forças armadas israelenses nos últimos dias, em uma nova escalada da violência no conflito entre Palestina e Israel, que já dura sete décadas. Este já é o quarto voo da Operação Voltando em Paz - uma mobilização do governo federal, por meio da Força Aérea, para repatriar brasileiros que estão região -, mas o primeiro a tentar buscar brasileiros na área mais crítica do conflito.
De Brasília, o avião seguirá em direção a Roma, na Itália, com escala técnica no Cabo Verde. Da capital italiana, a tripulação aguarda autorização para se deslocar e buscar os brasileiros assim que houver permissão para que o grupo cruze a fronteira entre Gaza e o Egito.
Em entrevista à TV Brasil, diplomata Paulino Franco de Carvalho Neto, embaixador do Brasil no Egito, afirmou que, até o momento, são 22 brasileiros que estão em Gaza e manifestaram desejo de sair. O maior desafio, segundo ele, é conseguir fazer a travessia terrestre pela fronteira com o Egito, o único ponto de passagem para sair de Gaza, que se tornou um enclave completamente cercado e monitorado por Israel, que não permite que a população saia.
“São circunstâncias excepcionalmente complexas, para não dizer, dramáticas”, reconheceu. A travessia deve ser dar pela passagem de Rafah, uma cidade palestina no extremo sul de Gaza, na divisa com o Sinai, no Egito. O problema é que, de acordo com embaixador, a fronteira está fechada porque o posto de controle do lado palestino foi bombardeado três vezes essa semana. "Não há como passar, por enquanto", admitiu. Outros países, como Reino Unido, França e Estados Unidos, também estão tentando evacuar seus cidadãos de Gaza pelo Egito.
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito, “a passagem fronteiriça de Rafah está aberta ao funcionamento e não foi fechada em qualquer fase desde o início da crise atual, exceto que suas instalações básicas no lado palestino foram destruídas como resultado dos repetidos bombardeamentos israelitas [israelenses], impedindo-o de funcionar normalmente”.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chegou a fazer um apelo ao governo egípcio para facilitar a passagem dos brasileiros. De acordo como embaixador brasileiro no Egito, o governo do país árabe está sendo sensível. “Isso é importante ressaltar, que as autoridades egípcias têm sido muito receptivas às nossas demandas”.