A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu, nesta quinta-feira (29), que ações afirmativas usadas por universidades do país são inconstitucionais, encerrando, assim, os programas direcionados à temática. A medida, que deve afetar diretamente o número de ingressantes negros e hispânicos nas principais universidades norte-americanas, foi comemorada por Donald Trump, que exaltou a volta por “base no mérito”. Estudantes que ingressaram sob as políticas afirmativas seguirão com as matrículas, e a decisão deve valer a partir dos novos candidatos.
Cerca de 40% das faculdades e universidades dos EUA consideram a raça de alguma forma durante o processo para selecionar os seus alunos. Em 1978, a Corte havia decidido que as universidades não podem estabelecer sistemas de cotas, mas que poderiam utilizar a raça como critério nas seleções. A decisão dos magistrados, presidida por John Roberts Jr., foi a favor de um grupo denominado "Students for Fair Admissions" (Estudantes por Admissões Justas), fundado pelo ativista conservador Edward Blum, que moveu processos contra as universidades Harvard e Carolina do Norte.
"Ambos os programas carecem de objetivos suficientemente focados e mensuráveis que justificam o uso da raça", disse John Roberts Jr., acrescentando que "inevitavelmente empregam a raça de maneira negativa" e envolvem "estereótipos raciais". O presidente dos EUA, Joe Biden, disse ainda nesta quinta, durante pronunciamento para todo o país, que é "absolutamente contrário à decisão" da Suprema Corte.
Impacto da decisão
Nas oito universidades da Ivy League (8 melhores universidades dos EUA), o número de alunos não brancos aumentou 55% de 2010 a 2021, segundo dados do governo. Esse grupo, que inclui estudantes nativos americanos, asiáticos, negros, hispânicos, representou 35% do número total de alunos nesses campos em 2021, ante os 27% de 2010.
A decisão contrária às ações afirmativas de raça em universidades foi tomada em uma Suprema Corte amplamente conservadora. Dos seus 9 integrantes, três foram indicados por Donald Trump, somando-se ao total de 6 indicados por presidentes republicanos. Em 2022, essa mesma Corte anulou o direito constitucional ao aborto. As juízas Sonia Sotomayor (primeira hispano-americana a compor a Corte), Ketanji Brown Jackson (primeira mulher afro-americana nomeada ao cargo) e Elena Kagan foram contrárias à decisão.
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