Lu Shaye, embaixador da China na França
CHINE NOUVELLE/SIPA - 2019
Lu Shaye, embaixador da China na França

Pequim está sendo cobrado por países europeus após o embaixador chines na França, Lu Shaye, questionar a soberania das nações da antiga União Soviética. A situação acabou mexendo com a imagem no país asiático como possível mediadora no conflito da Rússia contra a Ucrânia.

Shaye afirmou durante uma entrevista que tais países não possuem "status efetivo no direito internacional”, causando abalos diplomáticos. Dentre os países que convocaram uma explicação pela fala do embaixador estão: Lituânia, Letônia e Estônia. Quem confirmou o pedido foi próprio ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, na manhã desta segunda-feira (24).

A União Europeia também reagiu a fala, juntamente com a Ucrânia, Moldávia e a França. Todos criticaram a fala de Shaye. A fala veio após um questionamento sobre a Crimeia, área que foi tomada pela Rússia ilegalmente em 2014.

Shaye disse: "Mesmo esses países ex-soviéticos não têm um status efetivo no direito internacional porque não houve acordo internacional para materializar seu status de países soberanos", completando com o caso da Crimeia, dizendo que inicialmente se tratava da Rússia, mas que depois foi "oferecida à Ucrânia durante a era soviética”.

Tal alegação foi entendida como se os países da antiga União Soviética não possuíssem soberania, se tornando estados independentes e países membros na ONU (União das Nações Unidas) após a queda da URSS em 1991. 

A té o momento, o país asiático não declarou como condenável a invasão russa na Ucrânia, nem pediu que retirassem as tropas. As únicas declarações da China sabre o assunto pedem moderação de "todas as partes", e completou dizendo que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de instigar a guerra.

A UE e a França emitiram comentários acerca das falas de Shaye, dizendo que "A UE só pode supor que essas declarações não representam a política oficial da China", além de declarar "total solidariedade" aos países afetados.

Já os chefes-de-Estado dos países da antiga URSS se pronunciaram logo após a entrevista, veiculado na última sexta-feira (21). O ministro de Relações Exteriores da Letônia, Edgars Rinkevics, disse que espera explicações "do lado chinês e uma retratação completa desta declaração". Além disso, prometeu que levaria as questões às reuniões da UE para discutir as relações com os países mebros e a China.

Já o ministério da Moldávia disse que estão "surpresos com as declarações chinesas (do embaixador) questionando a soberania dos países que se declararam independentes em 1991. Respeito mútuo e integridade (territorial) têm sido fundamentais para os laços Moldávia-China". 

O assessor da administração presidencial da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, também se pronunciou, dizendo que "é estranho ouvir uma versão absurda da ‘história da Crimeia’ de um representante de um país que é escrupuloso sobre sua história de mil anos". Ele completa falando que "se você quer ser um importante ator político, não papagueie a propaganda de forasteiros russos.”

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, se pronunciou em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira. "Após a dissolução da União Soviética, a China foi um dos primeiros países a estabelecer relações diplomáticas com os países envolvidos. A China sempre aderiu aos princípios de solicitação mútua e igualdade em seu desenvolvimento de relações bilaterais amigáveis ​​e cooperativas”.

Mao Ning confirmou que esta é a visão do governo chinês, e não tocou no assunto discutido por Lu Shaye. Segundo ele, a China defende os princípios da Carta das Nações Unidas, respeitando a soberania, independência e integridade territorial de todos os países.

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