Protestos no Peru já deixaram 7 mortos, a maioria jovens
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Protestos no Peru já deixaram 7 mortos, a maioria jovens

Pelo menos 7 pessoas morreram no Peru durante as manifestações no país após a recém-empossada presidente Dina Boularte apresentar proposta visando a antecipação das eleições .

Boularte assumiu o comando do país após o então presidente Pedro Castillo tentar fechar o Congresso, mas ser destituído e preso horas depois.

As manifestações em Lima e no interior do país, principalmente em áreas pobres do Sul, onde se concentrava o apoio a Castillo, se intensificaram nos últimos dias. Pelo menos quatro jovens entre 16 e 18 anos morreram nos arredores dessas regiões.

Em Chincheros, os manifestantes incendiaram a sede do Ministério Público e uma delegacia. Com isso, mais duas pessoas morreram - um de 16 anos e um adulto de 26. A sétima vítima, Miguel Arcana, de 28 anos, morreu em Arequipa, segunda maior cidade do país e capital da região homônima.

De acordo com a Defensoria do Povo, todas as mortes foram causadas por armas de fogo.

Na manhã desta quarta (13), o primeiro-ministro do país, Pedro Angulo, anunciou que os ministros recém-nomeados por Boluarte viajarão para as regiões na intenção de dialogar com os manifestantes.

Os atos no Peru continuam mesmo após a proposta de antecipação das eleições presidenciais e legislativas. De início, elas estão previstas para 2026, e Boularte apresentou um projeto para que elas ocorram em abril de 2024.

Os apoiadores de Castillo, que não concordam com sua prisão, pedem a sua soltura e demandam que a votação ocorra imediatamente. Também há grupos críticos ao ex-presidente que demandam as reformas, afirmando ser a única solução para um país que empossou sua sexta presidente em cinco anos.

Uma pesquisa do instituto IEP apontou que 87% dos entrevistados eram a favor das eleições antecipadas se o então presidente fosse destituído. A sondagem também indicou uma desaprovação de 86% para o Congresso e de 61% para o presidente.

Entretanto, alterar a data das eleições não é tão simples. A Constituição prevê que o pleito deve acontecer a cada cinco anos, ou seja, o próximo só seria em 2026. Para antecipar as eleições, é necessário que dois terços do Parlamento (87 votos) aprovem a medida em duas votações, ou que ela seja aprovada por uma maioria simples (66 votos) e ratificada em referendo popular.

Segundo o ministro da Justiça, José Tello, os 14 meses são essenciais para haver tempo hábil de realizar as reformas eleitorais e políticas necessárias. O Júri Nacional de Eleições (JNE), órgão que realiza eleições, disse que é favorável à realização de um novo pleito, mas dentro dos termos estabelecidos pela Constituição e pela lei eleitoral. As regras, afirmou o presidente do órgão, Jorge Salas Arena, determinam que o pleito seja convocado com 270 dias de antecedência.

Mesmo que as pesquisas e órgãos indiquem uma visão positiva sobre a antecipação das eleições, a presidente Boluarte não tem os votos necessários para que isso aconteça. Sozinha, ela governa o país base e tenta contornar um Executivo em que, nos 16 meses em que Castillo esteve no poder, travou um cabo de guerra com o Legislativo dominado pela direita. A proposta será debatida pelas lideranças do Congresso unicameral na quarta e pela plenária na quinta-feira.


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