Mahsa Amini morreu sob custódia policial
Reprodução: Redes Sociais
Mahsa Amini morreu sob custódia policial

Nesta quarta-feira (26), cerca de 2 mil pessoas se reuníram em desafio a rígidas medidas de segurança do Irã para homenagear Mahsa Amini , morta sob custódia policial há 40 dias. Os manifestantes foram até Saqqez , na província do Curdistão iraniano, em frente ao cemitério onde foi sepultada a jovem. Os 40 dias da morte são um marco tradicionalmente importante no processo de luto no Irã.

De acordo com a denúncia da ONG Hengaw, que monitora os direitos humanos em áreas curdas, o acesso à internet foi bloqueado em toda a cidade. Além disso, forças de segurança atiraram contra os manifestantes que se reuníram em frente ao cemitério.

"As forças de segurança lançaram gás lacrimogêneo e abriram fogo contra pessoas na Praça Zindan, em Saqqez". Já a agência semioficial Isna disse que "após as tensões e os confrontos ocorridos depois da cerimônia, a conexão de internet foi cortada na cidade, por razões de segurança", declarou a ONG.

Vários grupos foram para o local, a pé, em veículos e motos. Enquanto aplaudiam e gritavam lemas como "Mulher, vida, liberdade" e "Morte ao ditador", milhares de mulheres e homens se reuniram à tarde do lado de fora, segundo registros divulgados nas redes sociais.

"Este é o ano do sangue, Seyed Ali será derrubado", gritaram alguns manifestantes, em um vídeo que teve a veracidade comprovada pela AFP, em referência ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. "Curdistão, Curdistão, o cemitério dos fascistas", gritava outro grupo.

O governador do Curdistão iraniano, Zarei Koosha, disse que "tudo estava tranquilo em Saqqez".

"O inimigo e seus meios de comunicação tentam utilizar o 40º dia da morte de Mahsa Amini como um pretexto para provocar novas tensões, mas felizmente a situação na província está completamente estável", disse o governador, segundo a agência oficial Irna.

De acordo com a Hengaw, sete cidades curdas no Oeste do país entraram em greve, com empresas e escolas fechadas durante o dia. Em Teerã, trabalhadores da estatal de refino de petróleo também fizeram uma paralisação. Greves e aglomerações ainda foram relatadas em Sanandaj, capital do Curdistão iraniano.

Mais pessoas foram mortas nas manifestações

De acordo com um balanço da ONG Iran Humans Rigths (IHR), até o momento, pelo menos 234 morreram nos protestos - incluindo 29 crianças.  Milhares de manifestantes foram presos pelas autoridades, incluindo professores universitários, jornalistas e celebridades. Na segunda (24), o Judiciário iraniano informou que mais de 500 pessoas estavam sendo processadas em relação a sua participação nos atos.

Relembre o caso

Os protestos no Irã se iniciaram após a prisão e a posterior morte de  Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que havia sido detida por não usar o hijab, véu que cobre os cabelos, de maneira adequada. Originária do Curdistão iraniano, ela morreu na sexta-feira passada, três dias depois de ser detida em Teerã.

No momento em que foi presa, Mahsa visitava a capital do país com sua família, quando foi abordada pelos agentes da polícia da moralidade, sendo presa em seguida, acusada de usar de maneira incorreta o hijab e pelo fato de não trajar roupas largas nos braços e nas pernas, segundo a BBC. Logo após a abordagem, ela chegou a desmaiar enquanto era levada para um centro de detenção para ser “educada”.

Segundo o Financial Times, a jovem não tinha histórico de ativismo político, sem ter qualquer registro de manifestações contra as restrições sociais e políticas impostas pelo governo do país. Ainda segundo o jornal, a última foto publicada por Mahsa antes de sua prisão era um registro com a família do passeio pela capital do país.

Amini, que cresceu em uma família tradicional e religiosa na cidade curda de Saqqez, no noroeste do país, estava prestes a entrar na universidade, ainda neste mês.

De acordo com o Financial Times, a família de Amini alega que ela foi espancada dentro da polícia da moralidade, antes de ser transferida para uma “aula de reforço sobre a necessidade de cobertura islâmica”. Em resposta, a polícia apresentou vídeos do circuito interno que provariam que ela saiu da van e entrou na aula aparentemente ilesa.

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