Putin pede 'boa vontade' para resolver conflitos, mas não cita guerra

Russo disse que, ao redor do mundo, é preciso usar a 'boa vontade' para resolver conflitos, mas não mencionou a guerra na Ucrânia, que já dura quase oito meses

Putin em reunião com membros permanentes do Conselho de Segurança
Foto: Kremlin - 10.10.2022
Putin em reunião com membros permanentes do Conselho de Segurança

O presidente da Rússia, Vladimir Putin , disse que a "boa vontade" deve ser usada para resolver conflitos ao redor do mundo. Na fala, no entanto, o mandatário não mencionou a guerra na Ucrânia , que começou em 24 de fevereiro deste ano , e já dura quase oito meses.

"Todo mundo tem boa vontade, e precisamos usar essa boa vontade ao máximo" para resolver qualquer conflito, afirmou Putin ao falar com os líderes na cúpula da Comunidade de Estados Independentes (CEI).

"Devemos nos esforçar para encontrar maneiras de sair da situação atual, onde quer que ela surja", continuou.

O russo também disse que o país "saúda os esforços de mediação de qualquer pessoa, desde que sejam direcionados a acalmar a situação, em benefício de todos os participantes dos conflitos".

"Isso também se aplica aos nossos parceiros dos EUA e da Europa", acrescentou.

A declaração foi dada durante evento na capital cazaque de Astana, que, além de Putin, contou com a presença dos líderes do Azerbaijão, Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Turcomenistão, Tadjiquistão e Uzbequistão.

Desde a invasão da Ucrânia , o Kremlin rompeu laços diplomáticos com o país liderado pelo presidente Volodymyr Zelensky e seus aliados ocidentais. No início do mês, o ucraniano assinou um decreto formalmente descartando qualquer possível negociação com Putin .

A ação ocorreu após o russo anunciar a anexação ilegal de quatro regiões ucranianas — Donetsk , Lugansk , Zaporizhzhia e Kherson .

Nenhum país internacional de grande porte ou organização internacional, como as Nações Unidas, reconhecem os referendos feitos por Moscou  nas quatro áreas ucranianas e afirmam que não há nenhuma base legal para as anexações.

Nessa terça-feira (11), o  ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que os Estados Unidos estão envolvidos "há muito tempo" na guerra na Ucrânia .

À televisão estatal russa, Lavrov afirmou que autoridades — inclusive o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby — disseram que os Estados Unidos estão abertos a negociações e a Rússia recusou, mas que isso não é verdade.

"Isso é uma mentira", disse Lavrov. "Não recebemos nenhuma oferta séria para fazer contato", acrescentou. Ele disse que a Rússia está disposta a se envolver com os EUA ou com a  Turquia  para achar uma maneira de acabar com a guerra.

Adesão à Otan

Outro ponto que vem estremecendo a relação entre os países e afastando a guerra de um possível cessar-fogo é a eventual adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) .

Ontem, o vice-secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Alexander Venediktov, disse que o movimento pode levar a uma terceira guerra mundial .

"Kiev está bem ciente de que tal passo significaria uma escalada garantida para uma terceira guerra mundial ", disse ele à agência de notícias estatal  TASS .

"Aparentemente, é com isso que eles estão contando — para criar ruído informativo e chamar a atenção para si mesmos mais uma vez", acrescentou.

O oficial russo também disse que os países ocidentais, ao ajudar a Ucrânia, também se tornam "parte direta do conflito".

Entre no  canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo.  Siga também o  perfil geral do Portal iG.