Rússia ataca a Ucrânia e explosões são ouvidas em várias cidades
Centros de comando militares da Ucrânia na capital, Kiev, e em Kharkiv são alvo de ataque de mísseis
O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou na manhã desta quinta-feira em Moscou uma operação militar contra o Ucrânia, afirmando que não quer a "ocupação" do país, mas sua "desmilitarização". Segundo o chanceler ucraniano, Putin iniciou uma "invasão em grande escala" contra o país.
"Tomei a decisão por uma operação miitar", anunciou Putin em uma inesperada mensagem pela TV, denunciando um suposto genocício orquestrado pela Ucrânia contra a população de origem russa no Leste do país.
Pouco depois do anúncio, surgiram relatos de ataques a várias cidades ucranianas, incluindo a capital, Kiev, que amanheceram ao som de sirenes de alerta. Informações não oficiais, que teriam partido do governo da Ucrânia, dão conta de que já haveria 7 pessoas mortas pelos ataques russos. Militares ucranianos também divulgaram terem abatido cinco aviões e um helicóptero russos na região de Luhansk, o que não foi confirmado pela Rússia.
Os centros de comando militares da Ucrânia na capital e em Kharkiv foram alvo de ataque de mísseis, informou o site de notícias Ukrainska Pravda, citando uma fonte do Ministério do Interior ucraniano. Segundo a Interfax, tropas russas entraram nas cidades portuárias de Odessa e Mariupol, o principal município sob controle de Kiev na linha de frente com os separatistas pró-Moscou no Leste do país.
O ataque começou enquanto o Conselho de Segurança da ONU se reunia pela segunda vez nesta semana, com apelos dos países-membros para que Moscou não lançasse a ação. Vários países se apressaram em condenar a ação militar russa na Ucrânia, entre eles França, Portugal, Japão, Itália e Suécia. A China afirmou que está acompanhando de perto a crise e aconselhou seus cidadãos na Ucrânia a permanecerem em casa.
Na Casa Branca, o presidente dos EUA, Joe Biden, classificou o ataque russo de "injustificado".
"O presidente (Vladimir) escolheu uma guerra premeditada que vai causar uma catastrófica perda de vida e sofrimento humano", disse Biden em uma declaração. "A Rússia sozinha é responsável pela morte e a destruição que esse ataque vai causar. O mundo cobrará contas da Rússia", acrescentou Biden, afirmando que anunciará ainda nesta quinta, junto com os aliados americanos, mais punições à Rússia.
A União Europeia também considerou o ataque "injustificado", afirmando que responsabilizará Moscou pela invasão, segundo anunciou a chefe da Comissão Executiva do bloco, Ursula von der Leyen.
"Nestas horas sombrias, nossos pensamentos estão com a Ucrânia e as mulheres, homens e crianças inocentes que enfrentam esse ataque não provocado e temem por suas vidas", disse ela no Twitter. "Vamos responsabilizar o Kremlin", acrescentou von der Leyen.
Os líderes da UE devem realizar uma cúpula de emergência em Bruxelas, ainda nesta quinta-feira, depois que uma primeira rodada de sanções da UE à Rússia entrou em vigor no dia anterior.
O ataque foi iniciado um dia após Moscou declarar que as autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk haviam pedido ajuda para repelir "agressões" de Kiev, em meio a crescentes alertas dos EUA de que um grande ataque era iminente.
O presidente russo, que justificou a ação citando o pedido de ajuda dos separatistas e o que chamou de política agressiva da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra Moscou, pediu aos militares ucranianos que "deponham as armas".
Puin ainda advertiu que aqueles que "tentarem interfir conosco (...) devem saber que a resposta da Rússia será imediata e conduzirá a consequências que jamais conheceram".
"Estou seguro de que os soldados e oficiais russos cumpriram seu dever com coragem. A segurança do país está garantida", afirmou.
A operação foi lançada depois de Moscou vetar voos sobre parte da região de Rostov, a Leste de sua fronteira com a Ucrânia, que, por sua vez, anunciou o "perigo potencial" para a aviação civil ao restringir o tráfego em seu espaço aéreo. Posteriormente, todos os voos foram cancelados em Rostov.
Na noite de quarta-feira, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, havia feito um pronunciamento dramático de nove minutos na TV. Falando a maior parte do tempo em russo — e se dirigindo à população russa —, pediu que a Rússia não invadisse o país.
"O povo ucraniano quer a paz", disse, citando a história comum das duas nações. "O governo ucraniano quer a paz e está fazendo tudo para construí-la".
Horas antes, o Parlamento ucraniano havia aprovado um estado de emergência após o governo adotar uma série de medidas de preparação para uma guerra, desde convocar reservistas a pedir para seus cidadãos deixarem a Rússia imediatamente.
A Rússia também havia esvaziado sua embaixada em Kiev, e muitos países, incluindo o Brasil, pediram para seus cidadãos deixarem o país.