Autoridades do Irã bloquearam, nesta quinta-feira (22), o acesso ao Instagram e ao WhatsApp após seis dias de protestos pela morte de uma jovem detida pela polícia da moralidade . As manifestações já deixaram 17 mortos entre civis e policiais, segundo a TV estatal, que não especificou como e onde as mortes ocorreram.
Os protestos se iniciaram após a prisão e a posterior morte de Mahsa Amini , uma jovem de 22 anos que havia sido detida por não usar o hijab , véu que cobre os cabelos, de maneira adequada. Originária do Curdistão iraniano, ela morreu na sexta-feira passada, três dias depois de ser detida em Teerã .
No momento em que foi presa, Mahsa visitava a capital do país com sua família , quando foi abordada pelos agentes da polícia da moralidade, sendo presa em seguida, acusada de usar de maneira incorreta o hijab e pelo fato de não trajar roupas largas nos braços e nas pernas, segundo a BBC. Logo após a abordagem, ela chegou a desmaiar enquanto era levada para um centro de detenção para ser “educada”.
Segundo o Financial Times, a jovem não tinha histórico de ativismo político, sem ter qualquer registro de manifestações contra as restrições sociais e políticas impostas pelo governo do país. Ainda segundo o jornal, a última foto publicada por Mahsa antes de sua prisão era um registro com a família do passeio pela capital do país.
Amini, que cresceu em uma família tradicional e religiosa na cidade curda de Saqqez, no noroeste do país, estava prestes a entrar na universidade, ainda neste mês.
De acordo com o Financial Times, a família de Amini alega que ela foi espancada dentro da polícia da moralidade, antes de ser transferida para uma “aula de reforço sobre a necessidade de cobertura islâmica”. Em resposta, a polícia apresentou vídeos do circuito interno que provariam que ela saiu da van e entrou na aula aparentemente ilesa.
Regras rígidas
As mulheres no Irã devem cobrir os cabelos e não podem usar peças curtas acima dos joelhos, calças apertadas ou jeans rasgados. A polícia da moralidade, nome pelo qual é chamada a Patrulha de Orientação, responsável por vigiar o cumprimento das normas de vestimenta, já não era popular há algum tempo, mas este é o primeiro levante contra as suas ações.
De acordo com ativistas, Mahsa Amini foi agredida de maneira fatal na cabeça, mas as autoridades iranianas negaram e anunciaram a abertura de uma investigação.
A Anistia Internacional denunciou uma "repressão brutal" e o "uso ilegal de balas de borracha, balas letais, gás lacrimogêneo, jatos d'água e cassetetes para dispersar os manifestantes".
Desde o início das manifestações, as conexões com a internet ficaram mais lentas e as autoridades bloquearam em seguida o acesso ao Instagram e ao WhatsApp.
"Por decisão das autoridades, não é mais possível acessar no Irã o Instagram desde quarta-feira à noite. O acesso ao WhatsApp também foi interrompido", disse a agência iraniana Fars. A medida foi adotada por causa "das ações realizadas pelos contrarrevolucionários contra a segurança nacional por meio destas redes sociais", acrescentou a Fars.
Instagram e WhatsApp são os aplicativos mais utilizados no Irã após o bloqueio nos últimos anos de plataformas como YouTube, Facebook, Telegram, Twitter e TikTok. Além disso, o acesso à internet é amplamente filtrado ou restrito pelas autoridades.
Entre no canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo. Siga também o perfil geral do Portal iG.