A China apresentou nesta segunda-feira (22) um protesto formal aos Estados Unidos pela visita do governador republicano Eric Holcomb, do estado americano de Indiana, a Taiwan, poucos dias após Washington anunciar negociações comerciais com Taipei.
O governo chinês lembrou que a ilha "é uma parte inalienável" de seu território e a questão de Taipei "sempre foi a mais importante e delicada no centro das relações bilaterais".
Em nota, Pequim "se opõe fortemente ao comércio oficial dos EUA com a região de Taiwan em qualquer forma e nome" e pede "o cumprimento do princípio 'Uma China' e as três comunicações conjuntas China-EUA, e o fim de todas as formas de interação oficial com a região de Taiwan".
Holcomb lidera uma delegação que visita Taiwan desde o último domingo (21). Esta manhã, de acordo com a agência de notícias oficial CNA, o governador americano foi recebido pela presidente Tsai Ing-wen, que acredita que Indiana e Taiwan têm uma "longa história" de relacionamentos, com o objetivo de avançar ainda mais no futuro.
Segundo ele, Indiana foi o primeiro estado dos EUA a se unir a Taiwan, que a China considera parte integrante de seu território a ser reunificado mesmo com o uso da força, se necessário.
"Os cidadãos de Indiana e Taiwan têm muitos valores compartilhados, interesses e objetivos comuns, e haverá mais oportunidades para fortalecer e nutrir os relacionamentos um do outro, porque quando as duas economias crescerem juntas, elas poderão formar uma parceria estratégica", declarou Holcomb, acrescentando que seu estado é o primeiro em investimento estrangeiro direto nos EUA, incluindo as dez maiores empresas de Taipei.
Entre os compromissos do dia também está a assinatura de diversos acordos, incluindo o de um memorando que servirá de base para uma parceria econômica, permitindo que cada um coopere ainda mais em setores-chave, incluindo semicondutores, bioquímica, tecnologia, entre outras.
Já a presidente de Taiwan explicou que a ilha está pronta para fortalecer a cooperação com parceiros democráticos no setor de microchips em favor da "segurança econômica", que é "um pilar da segurança nacional e regional".
As negociações ocorrem em meio à crescente tensão com a China, que realizou neste mês seus maiores exercícios militares no Estreito de Taiwan, em retaliação por uma visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha.
Mais cedo, a China já havia atacado o embaixador norte-americano Nicholas Burns, acusado de "expor a lógica hegemônica" em suas avaliações sobre Taiwan durante entrevista à CNN.
Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Pequim instou repetidamente o governo americano a desencorajar a visita de Pelosi a Taipei, indicando "claramente todas as consequências que o lado americano teria que suportar".
Burns disse que a China "exagerou" sobre a visita de Pelosi a Taiwan e defendeu "seu direito de viajar", "a paz e a estabilidade que tivemos no Estreito de Taiwan por quase seis décadas".
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