Usina de Zaporizhzhia: Rússia e EUA trocam acusações em reunião da ONU

Central nuclear localizada na Ucrânia está sob o controle militar russo

Vista da central nuclear de Zaporizhzhia
Foto: Foto: ANSA
Vista da central nuclear de Zaporizhzhia

A reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação da central nuclear de Zaporizhzhia , que fica na Ucrânia, mas está sob controle militar russo, teve uma troca de acusações entre Estados Unidos e Rússia nesta quinta-feira (11).

A área está sofrendo com bombardeamentos, em que Kiev e Moscou se acusam mutuamente, além da central em si não estar sendo mais monitorada de maneira remota pelos membros da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A reunião foi convocada pela Rússia que acusa a Ucrânia de atividades "hostis" no local.

Durante sua fala, a subsecretária de Estado para controle de armas e segurança nacional, Bonnie Jenkins, afirmou que a causa dos problemas atuais "não é um mistério, mas é a presença ilegal" da Rússia na estrutura. Por isso, disse que as tropas russas precisam sair da usina imediatamente - assim como de toda a Ucrânia invadida.

No mesmo tom, o embaixador britânico na ONU, James Kariuki, lembrou que há cinco meses o próprio CS determinou que a Rússia cessasse a atuação no local, mas que até hoje "as ações russas violaram quase todos os sete pilares da segurança e segurança nuclear".

Por sua vez, o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzia, falou que "os atos criminosos da Ucrânia contra a central nuclear colocam o mundo à beira de um desastre nuclear comparável a Chernobyl".

Em uma afirmação direcionada aos EUA, Nebenzia afirmou que "advertimos nossos colegas ocidentais que se eles não levarem a racionalidade a Kiev, ocorrerão atos ainda mais atrozes e insensatos que serão sentidos para bem além das fronteiras ucranianas".

Não há como afirmar, de maneira independente, quem está realmente fazendo os ataques contra a central, que vem causando danos menores no momento, mas igualmente preocupantes. Na manhã desta quinta, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo a Kiev e a Moscou para cessarem as hostilidades.

Pouco antes do início da reunião, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, publicou uma mensagem em vídeo em que pedia para que a "comunidade internacional reaja imediatamente" para "caçar os ocupantes da central nuclear de Zaporizhzhia".

"Só a retirada completa dos russos poderá garantir a segurança nuclear em toda a Europa", acrescentou ainda.

AIEA

Na parte técnica do encontro, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, voltou a fazer um apelo para que uma equipe de especialistas da entidade acesse presencialmente a planta nuclear. E, até nisso, Kiev e Moscou trocam acusações, dizendo que é o outro que não quer permitir a visita.

Grossi ainda afirmou que ele mesmo pretende guiar essa missão para inspecionar a área e para fazer uma "avaliação independente" dos riscos. Além disso, cobrou que as ações militares "devem parar imediatamente" porque podem causar "consequências sérias".

A central nuclear de Zaporizhzhia fica em Energodar e, desde o dia 4 de março, está sob controle militar russo, mas com operação de técnicos ucranianos. Ao todo, há seis reatores na planta, mas apenas dois estão em uso.

Em um dos recentes ataques, Moscou informou que desligou um dos reatores, mas a informação não pode ser confirmada de maneira independente, já que a AIEA não tem mais acesso aos dados de vigilância remota.

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