O ex-premier da Rússia Mikhail Kasyanov, que ocupou o cargo entre 2000 e 2004 e se tornou um algoz do presidente Vladimir Putin, confirmou ter deixado o país, depois de fazer pesadas críticas à invasão da Ucrânia.
Em mensagem enviada à AFP, confirmou que está no exterior, em um local não revelado, mas espera poder retornar à Rússia “brevemente”. Ele também não falou sobre os motivos da viagem, algo que integrantes da direção de seu partido, o pequeno Parnas, também não souberam explicar.
Em meados de maio, Kasyanov deu uma dura entrevista à DW, chamando a invasão russa da Ucrânia de “brutal”, afirmando que a confiança de Putin na guerra estava diminuindo e acusando o comando militar de passar informações enganosas ao presidente sobre o andamento do conflito.
"A reação do sr. Putin e seu discurso foram absolutamente fracos", declarou Kasyanov à DW, considerando que ele “já começou a perceber que estava perdendo a guerra”.
Na mesma entrevista, disse que o presidente havia mudado “de forma drástica” nessas últimas duas décadas no poder.
"Trabalhei com ele há 20 anos. Era uma pessoa completamente diferente. Era uma situação completamente diferente então", disse à DW, no dia 13 de maio. "Tínhamos um Parlamento, um Parlamento independente, mídia independente, um Judiciário. Putin destruiu todos os aspectos de um Estado democrático e agora temos um regime absolutamente autoritário, que está gradualmente mudando para um regime totalitário".
Kasyanov deixou o governo em 2004, após divergências sobre a política econômica da Rússia. Pouco depois, se juntou à oposição, e chegou a se lançar à Presidência em 2008, mas a candidatura foi barrada pelas autoridades eleitorais, sob alegação de irregularidades nas assinaturas de apoio. Mesmo assim, seguiu como uma das principais vozes contra o governo Putin — agora, se soma aos muitos dissidentes que deixaram a Rússia nos últimos anos.
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