O chanceler alemão, Olaf Scholz, oficializou nesta quarta-feira o convite para que o presidente argentino, Alberto Fernández, participe da próxima cúpula do G7 , que acontecerá no fim do mês na Baviera. Fernández será o único líder latino-americano presente no evento, que esnoba pelo terceiro ano consecutivo o Brasil. Caso não seja reeleito, o presidente Jair Bolsonaro deixará a Presidência sem nunca ter participado do encontro .
O convite a Fernández já havia sido confirmado por porta-vozes do governo alemão há cerca de um mês, mas foi oficializado para o Bundestag, o Parlamento do país, nesta semana. Além dos argentinos, foram chamados também África do Sul, Índia, Indonésia e Senegal. O país do Sudeste Asiático ocupa neste momento a Presidência do G20, enquanto os senegaleses têm sua vez na liderança da União Africana.
Não há um critério claro para a escolha dos convidados, decisão que cabe ao país-sede. Esta, contudo, é a primeira cúpula do G7 desde que a ex-chanceler Angela Merkel deixou o poder na Alemanha após 16 anos. Scholz, seu substituto, é do Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, e há três semanas recebeu o líder argentino em Berlim, onde discutiram assuntos como o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul e a Guerra na Ucrânia. Fernández foi ainda à França, onde foi recebido pelo presidente Emmanuel Macron.
A convidada mais controversa da cúpula que será realizada em Schloss Elmau, entre os dias 26 e 28, é a Índia. Os alemães sofreram certa pressão para não convidar Nova Délhi, diante da postura do país na guerra na Ucrânia: o governo do premier Narendra Modi adota uma posição de apoio retórico à Rússia, recusando-se a votar contra o Kremlin em organismos internacionais e aumentando significativamente suas importações de petróleo russo, alvo de sanções ocidentais.
Criado em 1975, o Grupo dos Sete reúne sete das principais economias industrializadas do planeta: Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, além da União Europeia. Se o objetivo inicial era debater questões econômicas, ao longo dos anos o fórum tornou-se um espaço para discussões sobre assuntos globais variados, como segurança e mudanças climáticas.
Até 2014, o grupo incluía também a Rússia, que teve sua participação suspensa após a anexação da Crimeia. Por divergências estratégicas e geopolíticas, a China também não faz parte do G7, apesar de ser a segunda maior economia do planeta.
O convite a líderes de países em desenvolvimento é um hábito da cúpula, servindo não só de aceno político, mas também como uma forma de o G7 ouvir as ponderações de nações em desenvolvimento. Em outras épocas, o Brasil era um convidado frequente, sinal da relevância e de prestígio no cenário internacional.
A primeira vez que o Brasil esteve formalmente à mesa foi em 2003, quando o presidente francês, Jacques Chirac, convidou o então recém-eleito presidente Lula, juntamente com outros líderes de países em desenvolvimento. O país foi convidado por cinco anos seguidos de 2005 a 2009, parte do que então era chamado de G8+5.
O grupo reunia os líderes dos países do então G8, além dos representantes de algumas das principais economias emergentes do planeta: China, Índia, México, Brasil e África do Sul. O formato, contudo, foi perdendo força nos anos seguintes, conforme o G20 se consolidava.
Em 2021, o G7 foi sediado pelo premier britânico, Boris Johnson, na Cornualha, e teve como convidados África do Sul, Índia, Coreia do Sul e Austrália. Em 2020, Bolsonaro chegou a afirmar que havia sido chamado pelo então líder americano, Donald Trump, para participar da reunião em Camp David. Nunca houve confirmação formal, no entanto, e o evento acabou não ocorrendo devido à pandemia de Covid-19.
Bolsonaro também não foi chamado em 2019, primeiro ano de sua gestão, para o encontro sediado em Biarritz por Macron. A lista de convidados dos franceses mais extensa, incluindo novamente a Índia e a África do Sul, além de Burkina Faso, Egito, Ruanda, Senegal e Espanha. A única nação latino-americana convidada foi o Chile, à época governado por Sebastián Piñera.
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