Estados insulares do Pacífico rejeitam acordo de segurança com a China

China tentou sair na frente na corrida de influência sob as ilhas do Pacífico

Jeremiah Manele (Ministério do Planeamento do Desenvolvimento e Coordenação da Ajuda) e Wang Yi (Vice-Ministro das Relações Internacionais) assinam o comunicado
Foto: Reprodução/Gabinete do Primeiro-Ministro das Ilhas Salomão
Jeremiah Manele (Ministério do Planeamento do Desenvolvimento e Coordenação da Ajuda) e Wang Yi (Vice-Ministro das Relações Internacionais) assinam o comunicado

Nesta segunda-feira (30), dez ilhas do Pacífico sul rejeitaram uma proposta da China para um a realização de um grande acordo de segurança, em meio a preocupações de que o pacto deixaria a região sob a órbita de Pequim.

As negociações ocorreram em Suva, capital de Fiji, entre o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi e líderes das nações insulares. As conversas visavam aumentar consideravelmente a participação de Pequim na segurança, economia e política do Pacífico Sul.

"Como sempre, damos prioridade ao consenso", declarou após a reunião o coanfitrião do encontro e primeiro-ministro de Fiji, Frank Bainimarama, indicando que seria necessária uma ampla concordância antes de assinar qualquer "novo acordo regional".

A China e os Estados Unidos disputam a influência no Pacífico, que tem importância estratégica.

Antes da visita de Wang, a China propôs um pacto com o qual Pequim se comprometia a treinar a polícia das ilhas do Pacífico, atuar na cibersegurança, ampliar os vínculos políticos e mapear áreas marítimas sensíveis em troca de maior acesso a recursos naturais.

Pequim ofereceu ainda milhões de dólares em ajuda financeira, a perspectiva de um acordo de livre comércio entre a China e as ilhas do Pacífico e acesso ao vasto mercado chinês de 1,4 bilhão de pessoas.

Se apresentando como um "grande país em desenvolvimento", a China ressalta que está ao lado das nações de pequeno e médio porte, mas enfrenta a desconfiança de alguns países envolvidos nas negociações.

O presidente dos Estados Federados da Micronésia, David Panuelo, classificou de "falácia" a proposta de acordo, destinada segundo ele a "garantir a influência chinesa no governo, o controle econômico" chinês das principais indústrias.

Papua Nova Guiné, Samoa e os Estados Federados da Micronésia estão entre os países mais preocupados com as propostas chinesas, ao lado de Palau, que reconhece Taiwan e não foi convidado ao encontro.

"Preocupações"


As autoridades chinesas admitram que não houve a conclusão de nenhum acordo.

"Houve apoio geral de 10 países. Mas claro que há algumas preocupações sobre algumas questões específicas e concordamos que estes dois documentos serão discutidos mais adiante" , disse o embaixador chinês em Fiji, Qian Bo, à imprensa em Suva.

Antes da reunião, o presidente Xi Jinping enviou uma mensagem aos países na qual afirma que seu país seria um "irmão amável" para a região e que juntos compartilham um "destino comum", informou o canal estatal chinês CCTV.

As potências ocidentais são hostis à influência chinesa na região e o Departamento de Estado americano advertiu os países do Pacífico Sul para que desconfiem dos "acordos obscuros e vagos, com pouca transparência".

A Austrália se uniu aos Estados Unidos para exigir que a China pare de maneira imediata a tentativa de ampliar sua influência no setor de segurança da região.

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