Finlândia e Suécia devem anunciar intenção de entrar na Otan em breve
Países do Norte europeu assinam acordos de segurança com Reino Unido, obtendo garantias durante processo de adesão
Os governos de Finlândia e Suécia devem anunciar oficialmente suas decisões sobre seus ingressos na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na próxima semana, e há fortes indícios de que ambos os países vão requerer a adesão, em uma revisão histórica de suas políticas de segurança.
Diversos relatos indicam que, no caso da Finlândia, o caminho oficial começará com um anúncio do presidente finlandês, Sauli Niinisto, nesta quinta-feira. A Suécia deve segui-la no domingo.
Segundo o ex-premier finlandês Alexander Stubb, em um artigo publicado nesta quarta-feira, “uma manifestação conjunta de intenção de ingressar na Otan é esperada para o início da próxima semana”.
A invasão da Ucrânia pela Rússia motivou os países europeus a repensarem suas seguranças nacionais.
Embora se espere que ambos se juntem à Otan, os governos estão preocupados em ficarem vulneráveis enquanto seus pedidos são processados, o que pode demorar até um ano.
Em função disso, diversos acordos com garantias de segurança vêm sendo assinados.
Após receberem na semana passada garantias de apoio dos Estados Unidos e da Alemanha em caso de necessidade, os países nesta quarta-feira obtiveram o apoio securitário do Reino Unido.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, assinou um novo acordo de segurança com a Suécia em Estocolmo, e planeja firmar outro com a Finlândia em visita a Helsinque mais tarde.
O Reino Unido se comprometeu a apoiar as Forças Armadas das duas nações se forem atacadas, e também intensificará o compartilhamento de inteligência como parte dos acordos. Os documentos são descritos pelo Reino Unido como "uma mudança radical na cooperação em defesa e segurança" entre os países.
"O que estamos dizendo, enfaticamente, é que, no caso de um desastre ou de um ataque à Suécia, o Reino Unido viria em auxílio da Suécia da forma como a Suécia solicitasse", disse Boris após se encontrar com a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson.
Andersson disse que "em tempos de crise, a cooperação se torna ainda mais importante".
"Se um dos países sofrer um desastre ou um ataque, o Reino Unido e a Suécia se ajudarão de várias maneiras. O apoio será dado a pedido do país afetado e pode incluir recursos militares."
A primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, disse nesta quarta-feira que se seu país der o passo histórico de se inscrever na aliança militar da Otan, será para a segurança de seus próprios cidadãos e também fortalecerá a comunidade internacional.
O tabloide norueguês VG informou que Noruega, Dinamarca e a Islândia — os três países nórdicos da Otan — também preparam uma declaração oferecendo garantias a Suécia e Finlândia até a conclusão da adesão formal.
Na Suécia, os social-democratas, partido no poder, convocaram um debate parlamentar sobre a Otan para segunda-feira. Firmemente contrários à adesão por décadas antes da guerra, a decisão do partido deve ser anunciada no domingo.
O seu apoio é considerado crucial para uma candidatura à Otan, mesmo que já exista uma maioria parlamentar a favor, e o governo não precise convocar uma votação parlamentar sobre o tema para se candidatar.
A invasão russa levou os dois países a abandonarem uma crença mantida durante décadas de que a paz melhor assegurada sem que houvesse adesão oficial a um lado. Ambos os países participam de exercícios aliados há anos.
Em abril, diante de sinais de que os países pretendiam aderir à Otan, a Rússia disse que, como retaliação, reforçaria seu contingente militar na região, incluindo a instalação de armas nucleares perto dos países do Mar Báltico e da Escandinávia.
Nesta quarta-feira, ao porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Rússia “está observando de perto qualquer coisa que possa afetar a configuração da Otan em suas fronteiras”.