Joe Biden, presidente dos Estados Unidos
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Joe Biden, presidente dos Estados Unidos

Os Estados Unidos negaram ter dado informações que ajudaram as forças ucranianas a matar generais russos e a localizar e atacar um navio russo na guerra na Ucrânia , desmentindo — pelo menos de maneira oficial — autoridades que afirmaram anonimamente ao New York Times e à emissora NBC que os EUA forneceram essas informações.

A Casa Branca disse nesta sexta-feira que não é precisa a reportagem do New York Times que afirmou que Washington forneceu informações sobre forças russas que permitiram aos ucranianos atacar e matar muitos dos generais russos durante a guerra em curso.

Já o Pentágono disse na quinta que, apesar de ser correto que Washington fornece a Kiev elementos de inteligência "para ajudar os ucranianos a defender seu país", os EUA não "entregam informações sobre a localização de comandos militares no campo de batalha, nem participam de decisões sobre alvos tomadas pelos militares ucranianos", segundo o porta-voz John Kirby.

Segundo a Ucrânia, 12 generais russos foram mortos na linha de frente, um número que surpreendeu analistas militares. As fontes ouvidas sob condição de anonimato pelo jornal americano não afirmaram quantos deles foram mortos como resultado da ajuda dos EUA, mas admitiram que a ajuda dos Estados Unidos foi fundamental na morte de "muitos".

De acordo com a reportagem, os EUA Unidos forneceram informações sobre a localização e outros detalhes do quartel-general móvel dos militares russos, que mudam com frequência. Essas informações geográficas, então, foram cruzadas por autoridades ucranianas com dados de sua própria inteligência — incluindo comunicações interceptadas que alertam os militares ucranianos sobre a presença de oficiais russos de alto escalão – para realizar ataques de artilharia e de outros tipos que mataram oficiais russos.

O Conselho de Segurança Nacional dos EUA (NSC, na sigla em inglês) já havia chamado de "irresponsável" a afirmação de que os Estados Unidos ajudavam a Ucrânia a matar generais russos.

"Os Estados Unidos fornecem informações sobre o campo de batalha para ajudar os ucranianos a defender seu país", disse à AFP Adrienne Watson, porta-voz da NSC, por e-mail. "Nós não fornecemos inteligência com a intenção de assassinar generais russos".

Na quinta-feira, a emissora NBC e o New York Times ainda afirmaram que o governo americano também forneceu informações que ajudaram a Ucrânia a localizar e atacar no mês passado o cruzador russo Moskva, que naufragou posteriormente.

De acordo com fontes anônimas, as forças ucranianas pediram aos americanos informações sobre a localização do navio no Mar Negro. Washington, então, teria identificado o Moskva e especificado sua posição.

Após a publicação das reportagens, Kirby, o porta-voz do Pentágono, divulgou um comunicado negando a informação, dizendo que os EUA não forneceram à Ucrânia "informações específicas direcionadas ao Moskva".

"Não estivemos envolvidos na decisão dos ucranianos de atacar o navio ou na operação que eles realizaram", acrescentou Kirby, segundo a NBC. "Não tínhamos conhecimento prévio da intenção da Ucrânia de atacar o navio. Os ucranianos têm suas próprias capacidades de inteligência para rastrear e atacar navios russos, como fizeram neste caso."

Sob a condição de anonimato, uma alta autoridade dos EUA também negou à AFP que os Estados Unidos forneceram informações que permitiram a identificação do navio.

"Não fornecemos informações específicas para identificar navios. Fornecemos uma série de relatórios para ajudar os ucranianos a entender melhor as ameaças representadas por navios russos no Mar Negro e ajudá-los a preparar sua defesa contra possíveis ataques do mar", afirmou.

A ajuda em inteligência dada pelos EUA à Ucrânia faz parte de um grande esforço de Washington em apoiar Kiev na guerra contra a Rússia, o que também inclui o envio de armas pesadas e dezenas de bilhões de dólares em ajuda militar, além de pelo menos centenas de milhões de dólares em assistência econômica ao governo ucraniano.

O auxílio, no entanto, é algo delicado para o governo americano, que tenta calcular até onde pode ajudar a Ucrânia sem que o presidente russo Vladimir Putin entenda as medidas como uma participação americana excessiva, provocando o líder  da Rússia a lançar uma guerra mais ampla.

Portanto, não está claro se o fato do governo americano negar de maneira oficial a ajuda na morte de generais russos e no ataque ao Moskva é uma tentativa de evitar um embate com Putin ou se, de fato, é uma afirmação verdadeira, uma vez que autoridades de Washington, de forma anônima, informaram o contrário aos veículos de imprensa americanos.

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