Chanceler russo diz que Zelensky só finge negociar acordo de paz

Sergei Lavrov alerta que risco de conflitos nucleares não deve ser subestimado

Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia
Foto: Ministério do Exterior da Rússia
Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou nesta segunda-feira o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de "fingir" que está negociando um acordo de paz, mas assegurou  que Moscou continuará as negociações.

"Ele é um bom ator. Se você olhar com atenção e ler atentamente o que ele diz, encontrará milhares de contradições", disse Lavrov,  citado por agências de notícias russas. "A boa vontade tem limites. Se ela não for recíproca, não contribui para o processo de negociação. Mas continuaremos negociando com a equipe enviada por Zelensky, e os contatos continuarão".

Em entrevista à TV estatal, transmitida na noite desta segunda-feira, Lavrov voltou a ameaçar um conflito nuclear, mas disse que a  Rússia quer descartar a ameaça de conflitos, apesar dos altos riscos no momento.

"Esta é a nossa posição-chave na qual baseamos tudo. Os riscos agora são consideráveis.  Eu não gostaria de aumentar artificialmente esses riscos. Muita gente gostaria disso. O perigo é sério, real, e não devemos subestimá-lo".

Em relação ao conflito na Ucrânia, o chanceler disse estar confiante de que "tudo certamente terminará com a assinatura de um acordo".

"Mas os parâmetros deste acordo serão definidos pelo estado dos combates quando o acordo se tornar realidade", acrescentou.

Mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, acusou o Ocidente de tentar destruir a Rússia e pediu à Justiça que seja dura com o que ele chamou de conspirações planejadas por espiões estrangeiros para dividir o país e desacreditar suas Forças Armadas.

Falando para um grupo com os principais promotores da Rússia, Putin também disse que o Ocidente incita a Ucrânia a planejar ataques contra jornalistas russos — alegação rejeitada por Kiev.

Durante uma visita à capital ucraniana, os secretários americanos de Estado, Antony Blinken, e de Defesa, Lloyd Austin, prometeram que os EUA vão reabrir em breve sua embaixada na Ucrânia e anunciaram uma ajuda militar adicional de US$ 322 milhões, que vai se somar aos US$ 3,4 bilhões de auxílio já fornecidos por Washington. Pouco depois de uma reunião de três horas com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, Austin disse nesta segunda-feira que Washington quer "ver a Rússia enfraquecida".

A Rússia também acusa a mídia ocidental de fornecer uma narrativa excessivamente parcial da guerra na Ucrânia que ignora amplamente as preocupações de Moscou sobre a ampliação da Otan e o que diz ser a perseguição de falantes de russo na Ucrânia.

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